22 de maio de 2012

Rockalogy no ForCaos 2012, um dos maiores eventos underground do Nordeste




Nos dias 20 e 21 de julho, acontece a 14ª edição do ForCaos, um dos maiores eventos underground do Nordeste, ocorrendo simultaneamente no Centro Cultural Banco do Nordeste e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura com a realização de seminários, passeio ciclístico e apresentações musicais.

O Seminário ForCaos 2012, contará com duas mesas, a primeira discute “Música, Direito Autoral e o papel do ECAD”, tendo como orador principal Alexandre Negreiros doutorando em Políticas Públicas, Estratégia e Desenvolvimento, programa interdisciplinar stricto sensu do instituto de Economia da UFRJ. A segunda traz uma discussão sobre “A mulher no Rock e Heavy Metal” com a musicista e advogada Marly Cardoso (SP), Natália Ribeiro, coordenadora do Movimento Underground Carioca, produtora da Web TV Metal Busted, editora do blog Rockalogy e Alinne Madelon, vocalista da banda The Knickers e proprietária da loja Metal Fatality.

Outra atividade do evento é a 1ª Bicicletada do ForCaos, percorrendo espaços culturais ligados ao rock nas décadas de 1990 e 2000, sediados no Benfica e Centro da Fortaleza como Cidadão do Mundo e Casarão Cultural, bem como na Praia de Iracema onde destacamos o Padang Padang, Jokerman, Noise 3D, Hey Ho Rock Bar entre outros. Na ocasião, os ciclistas irão conhecer um pouco da história de cada um desses locais através de um catálogo com informações, fotos e documentos da época guiados por pesquisadores ligados a Associação Cultural Cearense do Rock (ACR) e universidades. A bicicletada acontece no dia 14 de julho.

Também estão previstas 28 (vinte oito) apresentações musicais de bandas de diferentes regiões do país e dos mais variados estilos e matizes. Os shows acontecem no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e no Centro Cultural Banco do Nordeste.

O evento integra a campanha “Crack tô fora: a única pedra que rola é o Rock!!”.
Os grupos poderão enviar material físico até o dia 6 de junho.

Mais informações: forcaos2012@gmail.com

15 de maio de 2012

Tatuagens, Piercings e Alargadores na Cena Metal



Post revisitado e agora com bibliografia disponível em:

Num evento underground é notável o grande número de pessoas que possuem algum tipo de marca corporal, tal como piercing e tatuagem, e justamente por ser algo notável é que se faz relevante um esforço para entendermos melhor esse fenômeno e como ele se relaciona com a cena.

As marcas corporais possuem uma longa história. Até o século XVIII no Ocidente eram violentamente combatidas e condenadas pela igreja, que considerava uma blasfêmia, pois, se o corpo foi feito à imagem e semelhança de Deus, modificar essa imagem equilave a desfigurar sua “perfeição natural”, segundo a tradição judaico-cristã as diversas marcas permanentes do corpo distinguiam o pagão do crente, o ímpio do fiel. Durante o período medieval elas estiveram intrinsecamente ligadas às culturas pagãs e carregavam significados mágicos e protetores, assim como esteve presente entre povos bárbaros (povos guerreiros), como os Celtas e os Vikings. 

“No final do século XVIII que as marcas corporais começaram a popularizar-se no contexto da sociedade ocidental européia”.* Na época das expedições marítimas, colonização, da descoberta de novos continentes as tripulações desses navios entravam em contato com os povos nativos, estes marcados corporalmente. “A tatuagem e o brinco passaram, então, a constituir uma importante parcela simbólica da experiência de navegação (...)”

A partir daí as marcas corporais ganharam cada vez mais esse sentido de estigma, no sentido de quem as porta ser socialmente mal visto. De uma “sociedade selvagem”, e nesse sentido inferior, como símbolo pagão e marginalizado (seu processo de importação e apropriação localizou-se em grande média nos guetos das culturas populares urbanas, entre marinheiros, estivadores, prostitutas, membros de gangs, entre outros*) de exóticas, no século XX, passaram a serem tomadas como expressão corporal de patologia criminal, solidificando ainda mais o estereótipo negativo.

Marcas corporais também foram usadas para diferenciarem indivíduos livres de indivíduos submetidos; escravos, “trabalhadores”de campos de concentração, presidiários. Estes últimos em especial deram um novo valor simbólico às marcas, quando começaram a incorporá-las voluntariamente fazendo correspondência a um ato de resistência aos processos de disciplinaçao do sujeito. As tatuagens ganharam assim um valor de rebelião, de contestação social.

Por mais que a sociedade lutasse contra as marcas elas ganharam crescente sucesso depois da II Guerra Mundial, sendo apropriadas por subculturas, tribos, grupos e cenas, mas é claro, num novo contexto. As marcas corporais começam a ser incorporadas a cultura dominante como formas de expressão pessoal e de singularizaçao social*, não mais daquela forma quando as marcas designavam uma coletividade e eram identificados por ela socialmente de forma clara e precisa. Hoje elas têm estão mais ligadas à exclusão do que a inclusão na sociedade como um todo. 

Mas cada vez mais a tatuagem e o piercings, e outras formas de modificação, como o stretching (ou dilatação) tem ganhado mais adeptos e eles são de toda ordem, jovens, adultos, pobre, ricos, com ensino superior, “patricinhas” (como consta numa entrevista do artigo), funkeiros, mães e pais, headbangers, empresários, artistas de cinema etc. 

A incorporação das marcas pelo star-sistem musical, funcionou como meio de relativa aceitação e familiarização social com as marcas corporais (...) ,sobretudo sobre os segmentos mais jovens, para quem freqüentemente essas celebridades constituem referencias culturais identitárias”(soma-se a isso a popularização dos estúdios de tatuagem e a regulamentação dos mesmo, sem esquecer da invenção da máquina de tatuar elétrica, em 1980). A marcas acabam sendo desmistificadas, perdendo parte dessa aura de marginalidade e exotismo, porém sem perder o remanescente expressivo de diferença e de singularidade social.

O underground é onde as tribos se reúnem, cada tribo tem sua característica, sua identidade. O incrível é pensar em como isso é mantido, sendo que esses grupos estão sempre em contato os outros, e em vez de haver uma homogeneização está cada vez mais segmentado (discussão para um futuro post). Tem os tatuados, os muito tatuados, os tatuados com piercing, os que tem a tatuagem seguindo um determinado estilo ou linha, os que só tem piercing, e essas marcas corporais geralmente apontam para um determinado gosto musical, uma determinada vertente, que por sua vez envolve uma “ritualística” ligada a essas marcas.

Ou seja, marcas corporais tem TUDO a ver com underground, e tem muito o que falar sobre isso ainda.

Natália R. Ribeiro

Para este post foi usado como apoio o artigo “Do Renascimento das Marcas Corporais em Contextos de Neotribalismo Juvenil – Vítor Sérgio Ferreira”, presente no livro “Tribos Urbanas: Produção Artística e Identidades – José Machado Pais e Leia Maria da Silva”.



10 de maio de 2012

Covers Improváveis do Metal

É lógico que a palavra "improvável" no meio do título é uma brincadeira, penso que toda banda possui autonomia criativa para fazer o cover que bem entende, se isso é coerente ou se vai agradar aos fãs ou não, vai de caso a caso.
O cover dentro do underground é uma questão ainda polêmica, pois muitas bandas baseiam suas carreiras apenas em executar músicas de outras bandas, a maioria das bandas começa assim, é quase um caminho natural, mas a ideia principal é sempre tocar as suas músicas. 
Aqui pode se aplicar a ideia de "polifonia" proposta por Mikhail Bakhtin para a análise de discurso:
"Os argumentos a serem usados num determinado discurso são copiados de discursos anteriores" (PINTO, Milton José, 2002 p.13)", "o discurso é construído a partir do discurso do outro, que é o “já dito” sobre o qual qualquer discurso se constrói."*
Por mais que a banda tenha como objetivo soar "nova", "original" ela obrigatoriamente parte de alguma influência, por mais que ela misture música do interior do Chile com batucadas de tribos africanas, ela vai estar se apropriando de um discurso anterior, que diz respeito a esses elementos, isso não quer dizer que a banda não esteja sendo original, ela será na forma de montar e mostrar o que ela está querendo mostrar com isso. 
Quando bandas já consagradas gravam um cover na maioria das vezes elas estão prestando uma reverência a músicas, bandas e artistas que as influenciaram e que fazem parte do DNA da banda, mas pode ser também que o façam por diversão, porque a música é legal, o que eu sei é que alguns que ficam muito bons. Mais uma vez quem ganha é o público.

Vamos a eles:

Slayer - Born To Be Wild (Steppenwolf Cover, 1968)




Six Feet Under - Back in Black (AC/DC Cover, 1980)





Cannibal Corpse -No Remorse (MetallicA cover, 1983)




Death - Painkiller (Judas Priest Cover, 1990)




Cradle of Fith - Fear of the dark (Iron Maiden Cover, 1992)




Dio & Malmsteen - Dream On (Aerosmith Cover, 1973)




Quiet Riot - Cum On Feel The Noize ( Slade Cover, 1973)




Motorhead - God Save The Queen (The Sex Pistols Cover, 1977)



São muitos.. quem lembrar de mais covers legais e quiser compartilhar.

Bibliografia
*Maria Letícia de Almeida Rechdan "Dialogismo ou Polifonia?" em http://site.unitau.br//scripts/prppg/humanas/download/dialogismo-N1-2003.pdf

PINTO, Milton José "Comunicação e discurso : introdução à análise de discurso" São Paulo : Hacker Editores, 2002.


9 de maio de 2012

Revista Hell Divine n8



A oitava edição da revista online HELL DIVINE já está disponível, trazendo como matéria de capa a banda Napalm Death, além dos grandes destaques Ratos de Porão e Unearthly!

Confira a lista de entrevistas:

Sigh (Japão)
Ite Missa Est (França)
Lay Down Rotten (Alemanha)
Drowned (Brasil)
Caio Caldas (Artista Gráfico)

Ao todo são 74 páginas, contendo diversas colunas, além de resenhas de CDs, DVDs, shows e livros. A revista está disponibilizada em formato PDF, mas, pode ser visualizada na tela sem necessidade de download. Para fazer o download gratuito da revista, acesse o link informado abaixo; para abrir o arquivo PDF em seu computador, é obrigatória a instalação do programa ACROBAT READER, que pode ser baixado gratuitamente através do site: http://get.adobe.com/br/reader.

Download da revista:
http://www.mediafire.com/?8pkuanxwrvxyyx2


Fonte: http://helldivine.blogspot.com.br/2012/04/hell-divine-n-8-nova-edicao-esta-online.html

7 de maio de 2012

Headbanger Voice - o espaço de mediação entre os headbangers nas revistas


Quem tem o hábito de ler publicações de Metal, como a Roadie Crew e a Rock Brigade sabe que nelas existe um espaço dedicado a comunicação entre os fãs ((hoje a RC não tem mais, não sei sobre a RB). Diferente da sessão de cartas, aonde o leitor fala com a revista, neste espaço ele pode se comunicar com outros fãs. Essa prática é bastante antiga e vem desde dos fanzines no final da década de 70 (quem sabe mais antigo).
Seja para troca de materiais, convocar integrantes de bandas, instrumentos musicais, experiências ou interesses em relacionamentos. O Tumblr "Headbanger Voice" faz uma seleção dos anúncios mais curiosos e divertidos das seções de relacionamento de fãs.
Vale um trabalho mais aprofundado de pesquisa, confiram: 

http://headbangervoice.tumblr.com/

mais alguns



2 de maio de 2012

Por uma abordagem mediática do Heavy Metal


O texto "Caos, peso e celebração: uma abordagem do Heavy Metal a partir da noção de
gênero mediático" de Jorge Luiz Cunha Cardoso Filho, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Facom/UFBA, propõe uma forma diferente de abordagem do Heavy Metal, focando não apenas no que ele ou que significa, mas também no que ele quer dizer, em como são ativados os efeitos por parte da produção e como eles são recebidos.
"A partir dessa proposta, a pergunta que orientará a investigação do pesquisador de música massiva será “como consegue indicar esse efeito?” e não mais “qual é o efeito que essa música quer produzir sobre os ouvintes?” e sua pesquisa consistirá em apontar quais os tipos de relações que se estabelecem entre os elementos específicos do gênero mediático para que aqueles símbolos, sensações ou sentimentos sejam ativados." 

link: http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/18431/1/R0322-1.pdf