27 de dezembro de 2010

Paradinha Rockalogy

Fala aí galera, estou aqui para dizer que o Rockalogy vai dar uma paradinha de final de ano, e a partir da segunda quinzena de Janeiro ele estará de volta com força total.
Muitas discussões, muitas ideias, novos projetos e novos parceiros nos aguardam no ano de 2011!

Gostaria de agradecer encarecidamente a todos que apoiam o blog, não citarei nomes para não correr o risco de esquecer alguém desmerecidamente! Muito obrigada!

Desejo a todos um 2011 com muita paz, muito amor, e muito ROCK é claro!

vai passar rapidinho...

Natália R. Ribeiro

16 de dezembro de 2010

Território Juventude Underground

“O maior símbolo nessa ‘nova cultura juvenil’ é o rock’n roll, que aparece como música delimitada etariamente, especificamente juvenil, com uma ‘linguagem internacional da juventude’, que acompanha e expressa todas essas novas atividades de lazer, assim como o comportamento explosivo da juventude.”

Abramo, Helena Wendel _ Cenas juvenis



A “nova cultura juvenil” a qual Abramo se refere á a dos anos 50-60, pós segunda guerra mundial, norte-americana, em sua maioria branca e de classe média, que agora podiam experimentar toda sua individualidade e gastar seu dinheiro em bens de consumo reafirmavam o valor dessa cultura.

O Rock surgiu com a temática jovem e continua assim até hoje, há quem diga que AC/DC é coisa de velho, mas o Rock não é o mesmo desde a década de 70, ele é o estilo que mais se renova e reinventa, assim como a própria juventude.

Por falar em juventude, não existe apenas uma juventude, a palavra na verdade deveria ser usada no plural, “juventudes”, pois o jovem apenas por assim ser já é contestador e não poderia aceitar a uma categoria que colocasse a todos no mesmo saco. Jovem de periferia, jovem rico, juventude engajada, juventude paz e amor, é cada um na sua.

E o underground é um espaço de encontro dessas juventudes, que marcam a sua territorialidade e pertencimentos grupais, é lugar de construção da identidade, e hoje juventude não representa mais aqueles indivíduos dos 12-25 anos, juventude hoje é estilo de vida, um modo de ser, ou seja, o underground é para todas as idades e todas as juventudes, de preferência o Rock’n Roll.

E se um dia inquietação e resistência eram características dos jovens, eles encontram isso no underground e o próprio meio clama por isso. Estar no underground é uma luta constante, é resistir às adversidades e seguir em frente rumo ao seu sonho, tem que batalhar mesmo por aquilo que quer, não é fácil, não é fácil mesmo.

O underground é um território, é um espaço nosso, fruto da nossa união, afinal uma cena só existe quando a galera se reúne, quando a gente encara os de fora olhando torto, ou quando fazemos nosso som é como se disséssemos aos outros que aquele lugar é nosso, que pertencemos e fazemos parte daquilo.

Natália R. Ribeiro


 

9 de dezembro de 2010

Underground não é Independente

Eu já havia brincado dizendo que o underground não era independente, mas na vez passada foi para falar que o underground depende sim e de muitas coisas, ou seja, o independente em questão era o de “não depender de”. Agora eu vejo que a incompatibilidade com o termo vai além do sentido literal da palavra.
Depois se assistir ao segundo seminário de uma série de seminários sobre novos negócios na música, promovido pelo coletivo Ponte Plural, com apoio do Sebrae, eu tive a certeza de que o underground como nós o conhecemos não é passível de representatividade no meio empreendedor, digamos assim.

Em todo momento falava-se sobre o circuito independente, sobre bandas independentes, mas nenhuma vez eu ouvi falar de “cena underground”, banda de metal, nada com um som mais pesado, ou mais “rebelde”, logo eu percebi que não poderia por Cachorro Grande no mesmo saco que o Gangrena Gasosa, estávamos falando de coisas diferentes.

Quando uma banda do underground vendeu mais de 170 mil cópias no Brasil? Esse feito é o feito da banda independente OTeatro Mágico, Moveis Coloniais de Acajú, Macaco Bong, etc. São exemplos de bandas independentes que vem fazendo sucesso por aí. Quando que o Claustrofobia tocou no Altas Horas?

O underground produz de forma independente, fato, mas ele não compartilha o mesmo espaço que “o meio independente”.

O independente é reconhecido pela grande mídia, o underground não.

Enquanto o underground não trabalhar de forma integrada continuará existindo num limbo, num “não-lugar” no cenário musical, e estará limitado circuitos fechados e com pouca ou nenhuma estrutura, com pouquíssimas bandas conseguindo de destacar e se auto-sustentar.

Natália R. Ribeiro




26 de novembro de 2010

A importância dos mediadores na cena

Mediação = colocando em comunicação, aproximando artista e público
No modelo da indústria fonográfica de século XX, a do mainstream, a do massivo, a filtragem era feita por parte da indústria. Era ela quem decidia o que ia ser ouvido, quando ia ser ouvido, aonde e por que pessoas. Não que ela tenha perdido totalmente seu poder, mas num período de 10 anos os lucros caíram pela metade.

No momento atual o que temos é um excesso de informação e músicas disponíveis, ou seja, uma descentralização da mediação, no momento anterior a indústria fonográfica centralizava a mediação e a filtragem musical.

Quanto maior o excesso, maior a necessidade de filtros para a aproximação dos artistas do público. Os mediadores funcionam como filtros.

Comunidades no Orkut, perfil no Facebook são tentativas de filtragem, que intencionam levar o público a ouvir o som da banda no Myspace ou para assistirem a um vídeo e etc. Tenho observado que o poder de mediação dessas redes é relevante, porém bastante reduzido, para as bandas essas redes não tem passado de murais de divulgação. Você manda uma mensagem automática da para 500 amigos, alguns repassam para mais 500 amigos, algumas pessoas seguem o link e no show da umas 100 cabeças e é assim que funciona.

Mas um ator muito importante vem tomando a cena, ele vem daquele modelo antigo da indústria, mas agora numa roupagem diferente, procurando não apenas ser ouvido, mas também ouvir; são as web rádios. Elas são uma ótima forma de divulgação para as bandas e muitas delas estão sempre a procura de novos sons, de boa qualidade, para alimentar a programação. Quando o som vem até você é muito mais fácil, e eu diria até mais prazeroso, e para as bandas que têm suas músicas na programação também é muito gratificante.

O Rockalogy então conversou com o Wagner Carvalho que é produtor, baixista da banda carioca Profane Art e faz parte da equipe da  web rádio Metal Militia, ele nos falou sobre o seu trabalho na rádio e sobre o seu contato com bandas, além de comentar os aspectos estruturais da cena underground do Rio de Janeiro.
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Antes de trabalhar com a equipe da web radio Metal Militia, eu fazia parte da equipe de mais duas web rádios estrangeiras, fui pedir apoio e acabei levando o Brasil Extremo para lá, isso bem no início mesmo, atualmente a rádio tem 1 ano.

Nesse meio tempo, vi surgirem várias outras web rádios, algumas já não existem mais, acredito que o nosso trabalho sobrevive até agora, devido ao nosso contato direto tanto com as bandas, como com o público.

Eu particularmente procuro conhecer bem, cada banda que me procura e ajudar o máximo possível, mesmo que de forma indireta, para que eles possam entender que somos pessoas comuns trabalhando por algo que gostamos e principalmente sabemos que tem um grande potencial, queremos ajudar, qualquer crítica sempre é feita de forma construtiva, nem todo mundo entende...mas, é para o bem deles mesmos.

A mediação, no nosso cenário é bem complicada, muita gente começa e desiste rápido, já que consome tempo e não se tem um retorno financeiro, já me cobraram por aí para colocar músicas da Priest of Death na programação, ou seja algumas web rádios já chegaram ao ponto de cobrar “jabá”, isso demonstra que as web rádios adquiriram uma certa importância mesmo com a cobrança sendo algo imoral.

Hoje se tem muito mais espaço do que se tinha 10 anos atrás, acredito que esse avanço seja cada vez mais acelerado, a democratização da Internet é algo que tem ajudado bastante nisso, quando fiz a tour Européia com a Gangrena Gasosa em 2001, vi que cena lá é movimentada por quem curte e pelas próprias bandas e a Internet era (é) fundamental para o trabalho dos caras, agora no Profane Art eu consegui muita coisa e bem rápido, graças à Internet, acompanho essa evolução da cena, como músico e como mediador e posso afirmar, se houver união na cena podemos ir bem mais longe.

Acho que se os produtores dos eventos parassem de agir como senhores feudais, as bandas acabassem com a política de “farinha pouca,meu pirão primeiro” e as pessoas pensassem na cena, as coisas seriam melhores, procuro fazer o máximo que dá para fazer sozinho, acho interessante iniciativas como a sua, a do Areal Metal Fest, Metal Hordes(zine/fest), Metal Devastation (zine/fest), Headbanger’s Voice, etc... das bandas além das que eu falei antes tem o Trustworthy de gothic metal e o Death Legacy da ex baterista da Antígone, fora as centenas de bandas parceiras da Metal Militia, então é só juntar gente nessa corrente para frente, são pessoas assim que mantém o underground nacional vivo,

Deixo também aqui o recado para as bandas interessadas em fazer parceria com a web rádio Metal Militia, ou participar da nossa primeira coletânea on-line com lançamento dia 20/12/2010, os contatos deverão ser feitos por wagner@metalmilitia.com.br // coletanea@metalmilitia.com.br e leiam minhas resenhas(http://www.metalmilitia.com.br/)!


Natália R. Ribeiro

16 de novembro de 2010

Os passos da juventude

Vídeo super interessante sobre as "diferentes épocas" da juventude. Como a internet potencializou tudo isso e a nova necessidade, a de filtros, cada vez mais eficientes para nos atermos e não nos perdermos em meio de tanta informação.


We All Want to Be Young (leg) from box1824 on Vimeo.

11 de novembro de 2010

Canilive _ Entrevista

Neste último sábado (06/11/2010), o blog Rockalogy teve o prazer de estar com Gustavo (v), Raphael (g), Thiago (g) e Alberto (d) que nos contaram numa conversa super descontraída um pouco da história da banda, das suas influências e sobre o novo material.
Pouca gente sabe como a gente começou. Antes era só eu (Gustavo) o Alberto e o Caio, eu cantava e tocava guitarra, o Alberto era baixista. Nós tínhamos outro baterista, mas ele saiu, aí o Alberto virou o batera. Pro baixo a gente chamou o Caio, porque ele sempre gostou de baixo, mesmo assim eu continuei no vocal, mas já com o Thiago na outra guitarra, o Thiago está desde o começo. Nessa época toda nós ficamos só em cover do System of a Down, isso em 2006

Gustavo: Na verdade eu sou guitarrista desde o começo, não vocalista. Eu fiz aula de guitarra, eu tocava, na época eu que fazia as músicas do Canilive, mas aí a gente precisava de alguém pra cantar e a única pessoa que tinha alguma noção de canto era eu, daí eu comecei a fazer aula de canto também, na Villa Lobos na época. Eu fiz uns três meses e saí, por que era insuportável, não servia nada pra banda, é lindo, mas é insuportável pra banda por que não tem nada a ver. A gente começou a ouvir umas bandas muito de lá de fora, que ninguém ouvia no Brasil, ai eu falei, “vamos fazer esse som”, e na época a galera riu da gente, “não existe esse negócio de Death, Hardcore, Death Grindcore”. Pro pessoal não existia isso, aí a gente começou a fazer esse lance de Deathcore né, como o pessoal chama, ou Death Grindcore, que é o que a gente acha que combina mais mesmo, que tem esse “porquinho”, esse grave, esse agudo misturado. Na época todo mundo achou isso ridículo.
Uma banda que posso dizer que influenciou mais a ter o vocal que eu tenho foi a Job For a Cowboy mais o Black Dahlia Murder, que eu me apaixonei de primeira quando eu vi a banda. Tem uns lances, que é raro alguém perceber isso, uns lances muito Phil Anselmo que eu acho muito legal no meu vocal, porque vocal de Death geralmente é agudo ou grave, mas um agudo afinado só o Phil fazia isso, porque que eu me lembre só ele fazia isso, um agudo mas ao mesmo tempo um rasgado.

Rafhael: Eu comecei tocando violão, guitarra, coisa normal, as primeiras bandas de metal foram tradicionais, Iced Earth essas coisas assim, e eu tinha até um preconceito, mas quando eu conheci um Death com qualidade, foi mais na época que eu conheci a banda

Alberto Shii: Tem a questão do tempo, você começa ouvindo uma coisa, você vai “evoluindo”. De acordo com o som, você ouve uma coisa aí você pesquisa uma outra banda semelhante, você vê aquela banda um pouquinho mais pesada, e fala: “pô, maneiro”, aí pesquisa outra um pouquinho mais pesada que aquela e curte também, e assim você vai “subindo” nesse nível de peso, aquela coisa mais trabalhada, mais “difícil”. Comigo foi assim, comecei ouvindo System, eu gosto de System até hoje, mas assim, abril meus horizontes, eu não sou um pessoa fechada, que ouve só New Metal, só Black Metal, só Death Metal, eu ouço de tudo, mas a paixão é o Death o Grind, enfim, nessas vertentes, e uma coisa vai ligando a outra. Eu sempre fui mais por gosto mesmo, não parti de uma influência específica, apesar do meu sonho sempre ser a bateria eu comecei no baixo. Eu viso muito construir o meu som, o jeito de tocar de fulano é maneiro, do cara dessa banda é maneiro o daquela outra, eu tento pegar um pouco dos dois e fazer do meu jeito.

Thiago: Eu já tinha banda quando comecei a tocar com eles, era uma banda de Hardcore, daí o Gustavo ficou sabendo que eu já tinha banda e me chamou, mas eu já curtia metal, desde, sei lá, rasgar a mochila e escrever Linkin Park, Iron Maiden na mochila jeans. Aí quando a gente começou a banda era mais essa pegada System. Uma das músicas que eu fiz na época tinham muito de Chimaira e Otep, hoje em dia o que eu penso mais no estilo do som do Black Dahlia.

Agora sobre a influências da banda: (Gustavo) assim o começo o principal da banda eu tenho muita vergonha de falar. Eu e o Alberto a gente sempre andou junto, sempre quis ter banda, mas nunca teve coragem, aí a gente foi num show maldito do Slipknot, aí eu falei, cara irado, vamos fazer essa porra, aí eu criei a banda com ele. O principal da banda foi o show do Slipknot, isso não tem como negar, mas a influência não foi só essa. Eu sempre fui apaixonado por Dimmu Borgir, nada a ver com ninguém, ninguém gosta, eu sou o único, mas aí eu falei, em vez da gente fazer uma coisa tipo o Slipknot, vamos fazer uma coisa mais má ainda, porque New Metal tem pra caralho, Metalcore tem pra caralho, tem muita coisa que tem pra caralho, vamos fazer uma coisa mais bem trabalhada, mais malvada. Aí a gente puxou pra esse vocal mais Black Metal, Death Metal “motherfucker”, mas as principais foram Slipknot e System of a Down.

Sobre a música Taste of Blood: Foi gravada assim que o Raphael entrou na banda. (Raphael) A música já existia desde 2006, mas a gente gravou em 2008, essa música é bem antiga, você vê que a pegada ainda é muito New Metal a Witnessing Your Fall postada nesse ano Myspace, também é antiga mas é nova.

No MySpace diz que vocês estão em estúdio, o que vocês podem adiantar sobre o próximo material?

(Gustavo) São seis músicas que a gente vai lançar contando com uma intro. Pra que segue a gente legal, que vai ao show e tudo mais, eu ainda digo de ante mão que vai achar diferente, tá mais trabalhado, tá mais caprichado, mas mesmo assim não tá muito diferente do que era antes não. Está um patamar acima, a gente evoluiu. Mas pra galera que só ouviu Taste of Blood vai achar um absurdo, a diferença é muito monstra, muito monstra mesmo, eu diria que a música que a gente colocou como preview é a mais “simples”.

Vocês vão liberar no Myspace, vão montar um cd?

Nós vamos montar um cd mas também vamos liberar no Myspace.
Pra gente não importa vender, fazer dinheiro, tá indo no show, gosta, pra gente está ótimo. Pode baixar, pode copiar do amigo, mandar pro amigo, que a gente não liga muito pra isso não.

Tem alguma previsão de lançamento?

A gente queria gravar até o final desse ano, mas a gente viu que não vai dar, ou seja, eu garanto que antes das férias do ano que vem já saiu, serão as seis juntas e uma bônus track, que é uma música nova muito antiga, que até hoje a gente é apaixonado.

O que vocês podem dizer sobre a receptividade nos shows de Belo Horizonte e Curitiba?

A primeira vez de Minas a gente achou que a gente ia apanhar, porque só tinha “malzão”, “truezão”, que não é o que a gente é, tipo a gente não bota coturno, a gente sobe de shortinho e camisa da Adidas, e pelo contrário. Na primeira música estava todo mundo parado, na segunda música a galera curtiu, na terceira a galera já se soltou. Em Curitiba a gente foi bem recebido do começo ao fim, não teve discussão, é que em Minas a gente ficou sabendo que tem um lance que rola lá de richa de Black Metal, metaleiro mesmo, malzão, contra o Hardcore, aí a gente ficou com medo, porque sem querer são os dois públicos que a gente atinge, a galera que gosta de um Hardcore mais pesado e a galera do Black Metal, Death Metal, aí a gente “porra, vamo apanhar”, só que o pior é que não o pessoal recebeu muito bem nas duas vezes, sendo que na última vez acabou que a gente não tocou, mas o mesmo pessoal que foi na primeira vez foi também, coisa que a gente não vê aqui no Rio.

Agora falando um pouco da cena aqui do Rio

(Gustavo) Você tem lugares muito certos aqui, você tem o lugar para o Metal, você tem lugar para o “post HC”, que é a galera mais colorida, como a gente gosta de dizer brincando e tem a galera Pop. Você não tem lugar com um som bom, com estrutura boa, com público bom, o público que vai, que ajuda, porque o público também é essencial. É muito raro você tem a combinação inteira de som bom, produtor bom, o lugar bom, o público ir e tocarem só bandas boas, isso é muito raro.

(Gustavo) Pra mim parte principalmente da banda. O som sempre vai ser ruim, o cenário, dependendo, sempre vai ser ruim, o som aquele horror, mas que se a banda quiser vai fluir, vai tomar muita cabeçada mais vai.

(Thiago) Falta de oportunidade porque o tipo de som que a gente leva e muito seleto, é pra pessoas que realmente gostam, não é pra qualquer um, não é qualquer um que vai sentar e escutar, então tipo, não tem lugar não tem público.

Sobre o que poderia ser feito para melhorar.

Sobre os produtores(Gustavo): Tem muito produtor que não cobra pra fazer, mas em compensação não tem um som bom, e não dá um lugar bom, assim como tem aqueles que cobram pra fazer, mas dão um lugar bom e relativamente com um som bom. Geralmente eu acho, pela minha parte na banda, que tem que fazer show em tudo quanto é lugar, para mim, show não se nega. Se a banda quiser a banda vai tomar cabeçada, engolir muito sapo que é nisso a gente cresce, não é a toa que os amigos nossos do Confronto, que já estão lá em cima, eles falam que já dormiram em muito colchão na casa dos outros, de gente que eles mal conheciam e hoje em dia eles já tem quatro turnês européias, todos trabalham, cada um tem a formação deles, mas eles tomaram muita cabeçada, ainda mais na época deles, que era pior ainda. Tem muita banda que chega “há não vou fazer show ali porque ali é uma merda”. Eu acho que o principal vai da banda. Conhecer os produtores, saber a hora de cobrar a hora de não cobrar, a hora de ceder a hora de não ceder.

Da última vez que nós fomos para Minas, nós fomos num ônibus sem ar-condicionado, sabe aqueles “ônibus de hortifruti”, sacolão, que vende verdura, não tinha ar-condicionado, era feio, devagar, eu cheguei e olhei pro e disse: “Eu não vou”, e os caras rindo pra caralho, “não, foda-se, vamos”, e a gente foi. O ônibus péssimo, a viagem foi horrível, era quase um pau-de-arara, mas vamos é essa passagem que a gente tem é nesse que a gente vai.

Sabe o que precisa? O produtor do Rio ter uma banda, quando ele tem uma banda ele sabe como que é, se ele não tem condição financeira de bancar um som bom, ele vai falar pra você “cara eu o som é horrível, mas vai que o público é maneiro”, igual tem vários produtores que a gente conhece, que organiza show de graça.

(Alberto Shii) Tem produtores e produtores. Tem produtor que vai visar o capital, é aquele cara que quer que a gente venda ingresso pra ele, mas tem produtores com o da Rio Metal Works que quer fazer evento de verdade, para as bandas, para o cenário, pra quem gosta de metal e está aqui se fudendo.

(Gustavo) Foi o caso daquele evento de tributo ao Pantera, que a gente chamou o Diego (guitarrista) do Hatepride pra tocar, a gente não pagou nada, o som era bom, o palco era muito bom e o público era bom.

Voltando ao material de vocês, como público que somos estamos aguardando ansiosos o lançamento do CD.

O nome é complicadérrimo, mas é que explica exatamente as idéias das letras que eu escrevo, o nome é Pschosomatic Schzopheny, agora eu vou explicar: Esquizofrenia todo mundo conhece, o psicossomático é toda doença que é advinda do nada, ou seja, como um câncer de si mesmo, você pode ter lá a predisposição genética de ter um câncer e você não desenvolver aquilo a vida inteira, que só vai se desenvolver com um trauma, ou com alguma coisa que mexa com seu organismo, mas não necessariamente. O puxão de orelha nos cristãos está nisso, porque a esquizofrenia é psicossomática, você não precisa crer em nada, nos na banda somos todos ateus, pra você se dar bem na vida, para você ser o que você é, porque às vezes as pessoas temem ser o que ela é por causa de uma religião ou outra, ou um dogma ou outro, e acaba se fudendo muito mais por causa disso, é como se a pessoa criasse sua própria doença. Eu sei que muita gente não vai entender isso, porque é um negócio bem nosso.

Natália R. Ribeiro

*Como um "plus" pra galera, a rádio Rockalogy (na lateral esquerda do blog) montou um set especial Canilive, com as bandas por eles citadas na entrevista.

5 de novembro de 2010

Rhythm Action Games, nova forma de ouvir música

Algumas pessoas da galera mais antiga acha a ideia do jogo até meio ridícula "por que não procuram logo uma guitarra de verdade para tocar?", mas os mais novos e o povo com mais insight vêem nos games um novo fôlego para o rock, quanta gente não descobriu o Ramones ou o Twisted Sister pelo game?

Em Maio de 2009, Guitar Hero alcançou a marca de $ 2 bilhões em vendas no varejo, apenas nos Estados Unidos. Além dos jogos, 34 milhões de músicas foram vendidas como conteúdo para download. A maior possibilidade de interação com a música é o segredo do sucesso de jogos como Rock Band e Guitar Hero, aponta Rodrigo Batista, formado em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense.

Seu trabalho mostra que esses games inauguraram uma nova forma de ouvir e pensar música, que vai além do gênero, ritmo e compasso, estando mais ligada à performance por parte do jogador. Provando a potencial capacidade de interação a partir dos jogos, campeonatos são realizados para elegerem os maiores Guitar Hero players do mundo.

O mais importante deles, o World Cyber Games, em 2009 teve como vencedor o brasileiro Fábio Jardim, 14 anos, que é promessa também para 2010, ele diz ter recebido muita coisa dos jogos e que conheceu várias pessoas participando das competições e ressalta:

“O jogo me fez conhecer bandas e artistas como o Van Halen que, hoje, sou fã. Eddie Van Halen é, para mim, o melhor guitarrista do mundo”. Fábio competiu com oito finalistas do mundo todo durante cinco dias. Dos US$ 7 Mil que ganhou investirá parte em vídeo games e o novo jogo de Guitar Hero.

Devido ao grande êxito dos jogos, as gravadoras viram que estes poderiam funcionar como significativos pontos de divulgação de seus artistas. Bandas que tiveram suas músicas incluídas em seus repertórios tiveram considerável aumento no número de vendas, principalmente as de downloads na internet.

Como o caso da banda DragonForce que teve uma música incluída como bônus no Guitar Hero III: Legends of Rock, e uma semana depois do lançamento do game, teve um aumento de 126% na venda de seu álbum. Versões para um público alvo mais específico como o “Guitar Hero Metallica” ou o “Beatles Rock Band” caem cada vez mais no gosto das gravadoras que buscam assim renovar e conquistar mais fãs aumentando as vendas.


28 de outubro de 2010

Rock e Identidade


"Não há como focalizar a problemática da identidade e driblar a questão do pertencimento. Seria o mesmo que considerar a identidade apenas pela metade, observando-a apenas do ângulo da originalidade e da diferença, eliminando qualquer referência ao outro lado da moeda e semelhança e a aproximação."
Toda identidade se dá por consenso e conflito, ela não é composta apenas por aquilo que nos faz ser únicos, mas também por aquilo que possibilita sermos identificados, essa identificação se faz por comparação a outros pares.

"Quem é algo é sempre algo para outros; e quem é algo para outros relaciona-se com eles e participa, com eles, de alguma experiência gregária."
Todas as bandas prezam, ou deveriam prezar, por sua identidade, por aquilo que as tornam únicas, mas ao mesmo tempo fazem isso pensando num público alvo, que deverá reconhecer nas músicas da banda referencias de um repertório já conhecido.

Texto: Soares, Eduardo Luiz – Juventude e violência no Brasil contemporâneo



Natália R. Ribeiro

25 de outubro de 2010

Punk e Heavy Metal


O Heavy Metal já estava lá quando o Punk deu as caras no final da década de 70, lá que eu digo é Nova York e Los Angeles de onde depois se espalhou. É fácil esvaziar a atitude Punk de hoje, apesar do movimento estar em eterna resistência e também ter se subdividido, como um amigo disse certa vez: “Ele vai assustar a quem com esse visual? O Trocador do ônibus?”, mas no final da década de 70 o Punk desbravava territórios.

Ele tinha uma relação diferente com a música, musicalmente a regra era fazer o contrário do que as bandas de Heavy Metal e Hard Rock vinham fazendo até então, ou seja, nada muito melódico, ou melhor, esquece a melodia, a música era a mais simples possível. Esse tipo de atitude mostra que a questão central do Punk não estava na música em si, mas no que vinha junto com ela. Se por um lado as melodias eram pobres e (muitas vezes propositalmente) mal tocadas, as letras eram sobrecarregadas de palavras de ordem, de protestos, de manifestos, etc. da forma mais direta possível.

O Punk era visual e atitude, tinha a questão comportamental e a da moda/consumo, esses quesitos não se sobrepunham à música e vise-versa, estavam unidos e quase inseparáveis. Nesse momento as bandas de Heavy Metal (nesse caso as que surgiram em 70) viram o apoio das gravadoras caírem de forma considerável, em conseqüência disso diversos selos independentes estavam se formando e ganhando mercado, o que possibilitou uma maior autonomia para os estilos musicais que a partir daí se segmentariam em diversas vertentes, algo estava mudando.

1977 – Never mind the bollocksm here’s the Sex Pistols _ Sex Pistols

1977 – Motörhead _ Motörhead

Nesse mesmo ano Ozzy Osbourne deixa o Black Sabbath dizendo que os últimos álbuns estavam depressivos demais para ele, que também estava enfrentando um momento difícil, mas volta a tempo de gravar Never Say Die, que é lançado em 1978.

Não é que o Punk deva algo ao Heavy Metal, nem que o Heavy Metal deva algo ao Punk, o que eu quero mostrar é que foram movimentos contemporâneos, que coexistiram durante um determinado período de tempo (+ ou - 1976 a 1980), e que por isso não escaparam ilesos dos seus eventuais choques e contatos, houve sim uma auto-contaminação.

11 de outubro de 2010

Fim de semana “neurótico”

Este último fim de semana foi para deixar a galera com dor no pescoço o resto do mês. Dia 8, sexta-feira teve Canilive no TNQ (Tanque – RJ), a banda que vem se destacando por suas performances ao vivo não fez diferente, deixando o público com os olhos grudados no palco e os tímpanos alheiros em frangalhos.
Para deixar a apresentação ainda mais especial, D. Arawn, guitarrista do Hatepride, subiu ao palco para dividir os vocais com Gustavo (Gutt), na música “Taste of Blood”, da primeira demo de 2008. Sem dúvidas o Canilive é a voz do Death / Grindcore carioca e vôos mais altos estão à espreita.


Na madrugada de sábado para domingo (09 e 10 de Outubro) o Hatepride manteve a galera de pé e batendo cabeça no Heavy Duty (Praça da Bandeira – RJ), o show de tributo ao Pantera terminou já estava claro, entre seu repertório próprio a banda mandou clássicos como Walk, 5 Minutes Alone e Cowboys From Hell.

Diferente das outras bandas que tocaram no mesmo dia, J.P, o vocalista, deixou bem claro no começo do show que o Hatepride não era uma banda cover, que aquele era apenas um tributo a uma das maiores bandas de metal do mundo. O Recado pode até ter desagradado a alguns, mas mostrou que a banda tem atitude de sobra.

Com problemas técnicos e num horário horroroso a banda teve que mostrar todo seu profissionalismo, o que mais tarde foi reconhecido pela ótima resposta dos que estavam presentes. UNDERGROUND NA LUTA!

Natália R. Ribeiro

5 de outubro de 2010

Hatepride quebrando tudo em tributo ao Pantera


A banda carioca Hatepride tocará os maiores clássicos do Pantera neste sábado, 09 de Outubro no Heavy Duty, Praça da Bandeira- Rj. A apresentação contará com um repertório misto. Entre as já conhecidas New Comer in Hell, Code in Skin e Proud n’ Strong, a banda apresentará as novas músicas que estão em fase de finalização e que vão fazer parte do CD “Two Years of Paranoia”.

Na comunidade da banda no Orkut foi aberta uma votação para que os fãs escolhessem as músicas do Pantera que mais querem ouvir entre Walk, This Love, 5 Minutes Alone, Cowboys From Hell e Goddamn Eletric, mas a banda ainda promete surpresas.

D. Arawn, J.P., Bruno (B. Arawn) e Bernardo (Old Cesar), em 2008 se uniram para formar o Hatepride o que deu origem às primeiras músicas. Apesar do pouco tempo de vida a banda vem recebendo elogios por parte das críticas, como a publicada pelo site Whiplash, por Marcos Netto:

“Por meio de um peculiar signo que relembra o estilo do Texas, ou do Country Norte Americano, a banda Hatepride se utiliza desse mecanismo de recusa de uma identidade falseada, a nacional, para encontrar a sua própria. O título da Demo, "No greem, no Gold, o Stars", que parece referir-se às cores e símbolos tradicionais da bandeira nacional, figurada na Arte da Banda, sugere esta ideia principal que perpassa a sua produção musical: apresentar este outro Brasil, na violência do sudeste brasileiro, onde não há verde, não há ouro nem estrelas.(...)”

23 de setembro de 2010

Entrevista Scatha



Blog Rockalogy entrevistou domingo passado (18 de Setembro) a banda Scatha, no estúdio HR, Tijuca – RJ. Logo após o ensaio as meninas falaram ao blog detalhes sobre a banda, da cena do Rio de Janeiro e sobre o álbum que planejam lançar.

A banda começou em 2004 com Julia Pombo e Cíntia, em Agosto de 2005 vocês fizeram sua primeira apresentação no Garage – RJ, até o lançamento da demo Keep Thrashing (Agosto de 2007) a banda já havia mudado sua formação, saindo a Rebecca Schwab e entrando a Angélica Burns. A idéia desde o começo é a de uma banda só com integrantes mulheres?

Júlia e Cíntia: Sempre. Na verdade teve um batera bem no começo, mas porque a gente não encontrava meninas que quisessem tocar.

Como vocês se conheceram?

Júlia: A Cynthia tinha uma banda chamada Trinnity, que já era meio conhecida no underground. Daí a gente conhecia, nós estavamos precisando e ela começou a quebrar uns galhos, e foi ficando. Eu conheci a Cíntia no Tô Sem Banda (www.tosembanda.com). A Angélica entrou na banda por indicação...

Você estão fazendo teste para guitarrista vocês estão procurando prioritariamente outra menina, ou poderia ser alguém do sexo oposto?

Júlia: Não, só mulheres mesmo, se não quebra o ideial da parada

Outra coisa que chama a atenção na banda é o vocal da Angélica, que domina muito bem o gutural. Como você aprendeu a cantar assim?

Angélica: Eu comecei tipo brincando, eu vi outras mulheres fazendo, se elas conseguiam então eu resolvi tentar. Todo mundo da minha banda falou que eu tinha o dom, mas naquela época eu cantava mas não sabia cantar, eu cantava e ferrava a garganta. Daí eu comecei a ter aula com o Syren, tipo de respiração, técnica normal de canto, porque a técnica que eu uso é a que qualquer pessoa usa pra cantar, só que a técnica especial de gutural eu aprendi sozinha, tanto que se alguém me pedir para ensinar eu não sei. Foi com o tempo, hoje eu sei ouvir se alguém está cantando errado ou se está cantando certo, mas eu não sei explicar, eu meio que desenvolvi sozinha, é automático.

De onde vem o nome da banda? O que significa?

Cíntia: É uma deusa Celta dos guerreiros e que infringe o medo, que quando eles iam para a guerra eles recorriam, para não sentirem medo... Sabe, o Keep Thrashing tem a ver com isso também, de você manter-se firme, seguir o ideal mesmo com todas as dificuldades.

No MySpace de vocês o som da banda está classificado como Thrash Metal anos 80, 90, com influência de Megadeth, Slayer, Metallica, Pantera, Kreator, entre outras. Você não acham o Thrash um estilo datado ou vocês acham que vale à pena investir nesse rótulo?

Cíntia: Na verdade agente não investe naquele estilo Thrash Metal anos 80, Bay Area, não, desde o começo a gente é Metal, nosso negócio é ser pesado.

Eu entendo, pois há uma necessidade de se rotular, mesmo que não se encaixe, pra galera ter uma idéia...

Cíntia: É, o negócio é a influência maior. No início a gente tocava Iron Maiden, Black Sabbath, essas coisas, o básico do Heavy Metal. Aí com o tempo a gente foi vendo que o que a gente gostava mesmo era “metranca”, vamos fazer parada pesada, vamos investir na raiva, que é isso que a gente tem, é isso que eu tenho, daí que a gente partiu pro Thrash Metal, tanto que no início a gente falava que era Heavy Thrash.

Está cada vez mais difícil classificar...

Cíntia: Você se rotular é um negócio muito difícil. Nosso som você vê que não tem uma influência só, tem umas paradas cadenciadas, têm músicas que são altamente Thrash, outras que são mais Heavy.

A banda tem um bom material, um número considerável de fãs, vide o grande número de visualizações no You Tube e os players no MySpace, Movidos Pela Raiva, a primeira música, tem quase 10.000 acessos, mas apesar de toda receptividade a banda tem poucos shows marcados. O que vocês podem apontar como sendo a principal causa disso?

Angélica: A precariedade da cena do Rio de Janeiro, nós já tocamos em quase todos os lugares possíveis e esgotou, não dá mais pra gente tocar no mesmo lugar.

Cíntia: E assim, a gente já conhece quase todos os produtores, a gente conhece como eles trabalham, o que cada um faz.

Angélica: Metade são amadores, pedem pra você vender ingresso.

Júlia: Não tem condições de você vender ingresso se você já tem que pagar passagem pra ir, pagar ensaio, pagar gravação... e ainda pagar pra fazer show.

Cíntia: Manutenção dos instrumentos...

Júlia: Por isso que no começo nós fazíamos dois shows por mês, início de banda, show, show, show... agora a gente já está repetindo lugar.

Angélica: Aí chamam a gente pra tocar no Heavy Duty, chega lá não tem estrutura, o som fica embolado, pra quê que eu vou querer fazer um show que ninguém vai entender nada? Aí chamam a gente pra tocar lá em São Paulo, mas não tem dinheiro pra bancar, como que cada um vai banca aqui, 200, 300 reais por cabeça... é complicado.

Vocês tem um show marcado em Brasília no dia 6 de Novembro, quais as suas expectativas para esse show?

Cíntia: A gente só teve essa oportunidade porque foi uma guitarrista que fez o teste com a gente, que trabalha no ramo de produção fonográfica e ela está trabalhando lá, e ela conheceu a galera de lá, e lá tem um público fenomenal sabe.

É o público fora do eixo Rio – São Paulo é super afim que ouvir som novo, o movimento “fora do eixo” é muito mais intenso... mas tem a dificuldade de ir a esses lugares sem qualquer tipo de apoio.

Cíntia: É, a nossa idéia agora, além da gente ter que gravar um álbum, e ter mais visibilidade no mercado estrangeiro, porque eles só aceitam banda pra fazer turnê por lá quando você tem um álbum lançado, uma coisa importante que a gente está tentando é marcar show fora do Rio, porque isso dá um crédito, uma visibilidade maior. Daí o público vê “pô, a banda tá correndo atrás, se divulgando pelo Brasil pelo menos.

Júlia: O problema não é nem a gente conseguir marcar show aqui, tem um monte de gente correndo atrás, “pô, vamos marcar show”, conseguir a gente consegue, o problema é falta de estrutura e de apoio que eles dão pras bandas.

Cíntia: E eles tratam a banda como se fosse sabe, qualquer coisa, é como se você estivesse fazendo um favor.

No site de vocês estava previsto o lançamento de músicas novas para o final de 2009, o plano ainda está de pé? Fale um pouco do que planejam para o novo trabalho.

Angélica: Na verdade a gente já tem o álbum pronto, só falta pegar e gravar.

Cíntia: A gente meio que sofreu uma queda na produção da banda quando a gente perdeu uma guitarrista, porque a gente tocava muita coisa que usavam duas guitarras. A gente teve que adaptar tudo para uma guitarra só e a gente não quer perder o peso, então agora nós estamos mais voltadas totalmente para um som que seja mais direto, entendeu? Sem muita firula porque é uma guitarra, então baixo e guitarra têm que trabalhar de uma forma que não parca peso.

O que vocês acham que seria necessário para mudar a cena aqui do Rio de Janeiro?

Angélica: Eu acho que tem que ter união, porque aqui tem muita “panelinha”, todo mundo fala mal de todo mundo...

É uma luta por espaço, sendo que cada banda vai ter seu público...

Júlia: O público de uma é o público da outra. Não tem isso, não tem exclusividade.

Cíntia: A gente meio que saiu desse meio, porque a gente conhecia muitas bandas quando nós fazíamos mais shows, que ensaiavam aqui, amigos nossos, mas com o tempo cada uma foi ganhando seu público próprio. Só que teve uma época que ficava muito falatório “há, aquelas meninas metidas, não sei o que...”, e a gente nunca teve isso sabe, a gente sempre tocou, sempre tivemos nossos amigos, só que a gente não fala com “todo” mundo, com todas as bandas, porque também não tem como ser tão sociável assim.

Angélica: Nem tem como ir a todos os shows.

Cíntia: ...aí depois com o tempo, foi todo mundo ficando mais velho, cada um seguido a sua carreira “de verdade”, profissional, porque a música é nossa profissão também, só que a gente não ganha dinheiro com isso. Tem sido uma diversão por enquanto, é tudo por prazer, a gente toca nos lugares porque a gente gosta.
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A conversa seguiu mais alguns minutos em off. O que ficou claro é que as meninas estão correndo atrás, mesmo com todas as adversidades. Elas estão cientes do que está acontecendo na cena underground do Rio de Janeiro e ressaltando que o que está faltando, e que é essencial, é a união das bandas, eu concordo plenamente e o blog vai bater nesta tecla quantas vezes forem preciso.

Natália Ribeiro

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16 de setembro de 2010

Performance


 "A performance, ou seja, o ato de tocar, cantar e interpretar uma canção estão conectados aos diversos cenários presentes de forma virtual nos gêneros musicais e materializados nas canções."*

A performance faz parte da música ela está estreitamente ligada a noção de gênero musical, de modo que criamos expectativas a cerca da performance assim que ouvimos determinada música. O Heavy Metal, com seus diversos subgêneros, é um gênero super performático, de modo que quando nos dizem que o som de tal banda é Thrashão old School já montamos todo o cenário na nossa cabeça, há de fato, pouco espaço para negociação nesse exemplo.

A forma como a música é executada faz toda a diferença, músicos que pouco de movimentam no palco não são bem vistos, a performance do vocalista faz toda diferença na hora de ele ser eleito um bom frontman ou não, e não é só a banda que recebe expectativas, o público também, o público do Heavy Metal tem que agitar, bangear, fazer os chifrinhos com as mãos. A maioria das bandas quer ver a roda se formando durante o seu show, isso quer dizer que a galera está curtindo, isso tem um significado, é a forma como banda e público se comunicam, e no show de Heavy Metal tem muito isso, a platéia é sempre chamada a participar, o que mostra uma relação mais estreita entre banda e público, talvez mais do que em outros gêneros.

A questão da performance vem para mostrar música não é só para ser ouvida, tem a ver com vivenciar, com experiência, não despertar apenas a audição, mas os outros sentidos também, quem nunca ficou arrepiado de ouvir determinada música? A todo momento estamos geramos visualizações para aquilo que estamos ouvindo.

*Jeder Janotti Junior. Mídia, música popular massiva e gêneros musicais, a produção de sentido no formato canção a partir de suas condições de produção e reconhecimento_Compós 2006


6 de setembro de 2010

Dança Rock


Uma das coisas que mais tem me chamado a atenção entre a galera do Metal Core e derivados, entre outras peculiaridades, é a forma como eles apreciam a música. Troncadas, empurrões, socos no ar, chutes, e outros golpes normalmente não traduzem passos do que costumamos chamar de dança, mas sem dúvidas essa é a forma de expressão corporal que essa galera resolveu adotar.

A forma como o corpo reage à música não poderia ser mais adequada, com um som super agressivo e rápido, a resposta não poderia ser outra. Quem vê de fora pensa que está rolando alguma briga, muitos não entendem que aquela, na verdade, é uma forma de comunhão. Talvez a única forma de “experimentar” aquele som em sua plenitude, é como se aquela sonoridade fosse feita para a dança e o “mosh”, ou simplesmente “a roda”, só fosse possível a partir daquela sonoridade.

Natália R. Ribeiro

1 de setembro de 2010

Banda Scatha estréia parceria com o blog Rockalogy



A banda Scatha, do Rio de Janeiro, juntamente com a banda Possessonica, inauguram a parceria com o blog Rockalogy, administrado por Natália Ribeiro. O blog que busca se aprofundar nas questões que cercam os meios de produção, consumo e circulação de bandas independentes no chamado “underground”, faz das parcerias com as bandas uma via de mão dupla, as bandas contribuem fazendo vezes de objeto de estudo e o blog produz material áudio/visual, que pode ser usado na divulgação, assim como a inserção num plano de comunicação integrada, incluindo também o trabalho de assessoria, unindo bandas, público, imprensa e sites especializados.

A banda começou em 2005 e lançou a sua primeira demo, “Keep Thrashing!”, em 2007, que em 2008 saiu como destaque na seção Garage Demos da revista Roadie Crew. A banda é formada por Angélica Burns (Vocal), Julia Pombo (Guitarra e backing vocal), Cíntia Ventania (Baixo e backing vocal), Cynthia Tsai Yuen (Bateria). O som é inspirado no bom e velho Thrash Metal e a primeira demo trás músicas em inglês e português.

26 de agosto de 2010

Rock e Juventude

A idéia de juventude não é moderna, sua origem etimológica remete a Roma, quando os filhos dos nobres eram “príncipes da juventude”, no entanto, juventude como uma categoria social simbólica, que aponta para um recorte geracional, que é muito variado de acordo com o tempo e o espaço, classificado socialmente, provém da modernidade ocidental após a segunda metade do século XX.

“A novidade da década de 1950 foi que os jovens das classes alta e média, pelo menos no mundo anglo-saxônico, que cada vez mais dava a tônica global, começaram a aceitar a música, as roupas e até a linguagem das classes baixas urbanas, ou o que tomavam por tais, como seu modelo. O Rock foi o exemplo mais espantosos. Em meados da década de 1950, subitamente irrompeu do gueto de catálogos de “Raça”ou “Rhythm and Blues” das gravadoras americanas, dirigidos aos negros pobres dos EUA, para tornar-se o idioma universal dos jovens, e notadamente dos jovens brancos.”

Eric Hobsbawm _ A Era dos Extremos, o breve século XX, 1914-1991 (cap. 11, Revolução Cultural)
Por que o Rock? Porque é ele que melhor traduz as idéias da juventude, da nossa e daquela época, por isso que enquanto existir os jovens o rock vai sempre estar presente, nas suas mais diversas formas. Cada vez mais a juventude se estende, mesmo quando não se é mais jovem segundo a classificação biológica*, preserva-se o estado de espírito, “quero ser jovem para sempre”, que vem da concepção cultural sobre a juventude, que está ligada a faixa-etária quando pensado como nicho de mercado, mas que no universo simbólico se materializa em diversos sistemas de representação, como, roupas, praticas esportivas, música, alimentação, etc. tendo como elemento central aqui o consumo.

Quando eu vejo a molecada com a camisa do Iron Maiden eu penso “Esses caras já estão velhos, eles tem mais tempo de banda do que eu de vida, mas cara, eu me identifico” e esses meninos e meninas também, isso trás uma renovação que deve funcionar como elixir da juventude pra esses caras, que embora não sejam mais jovens, têm o poder de emanar esse espírito. É aquilo, dizem que a música é atemporal, e pensando nesse sentido ela é mesmo, esses caras todos vão morrer um dia (e vão para o olimpo), mas a música vai ficar.

*14-18_adolescência, 18-24_juventude (variando entre 15-24, 18-30), escala adotada pelo Ministério da Saúde, ONU e ECA.

PS. Agradecimentos especialíssimos a professora Ana Lúcia Enne, que este semestre está ministrando a cadeira de Mídia e Juventude, dentro do curso de Estudos de Mídia na UFF e de quem eu sou aluna e super fã.

Natália R. Ribeiro
 

17 de agosto de 2010

New tags.



Está cada vez mais complicado determinarmos o som que cada banda toca, “tags” como Rock, Heavy Metal e Hardcore, não dão mais conta de caracterizarem sozinhas novas sonoridades.


Heavy Metal... Heavy Metal o que? Heavy Metal Melódico, Heavy Metal Sinfônico, Heavy Metal Clássico, Thrash Metal, Death Metal, Metal Extremo, Black Metal, Gotic Metal, New Metal... Hardcore ou Metalcore, Deathcore, Grindcore (...)?

Mesmo essas que foram citadas estão sendo muitas vezes usadas em conjunto com outras na tentativa de aproximação do estilo com o som, por exemplo: Black Metal Sinfônico.

Algumas possíveis mudanças que nos levaram e esse novo cenário:

• Inclusão de novos elementos, tanto tecnológicos como estilísticos, que antes não eram possíveis e/ou viáveis;

• Maior acesso aos meios de produção e circulação por parte das bandas, vide softwares de “home studio” e redes sociais como o MySpace e You Tube;

• Relativa abertura na mídia para estilos mais pesados. Disseminação de veículos especializados;

• O interesse mercadológico em novos nichos de mercado, quando “taguear” é preciso para apresentar o produto ao consumidor;

Uma das tendências é a montagem de perfis a partir do cruzamento entre tags pessoais, é um sistema complicado e que nem sempre acerta, mas vem sendo aperfeiçoado, essa é a lógica de sites como a Last.fm.

É como se eu te indicasse um álbum do Obituary, um do Deicide e um do Morbid Angel se você me diz que gosta do Cannibal Corpse.

Curioso não?

(continua...)

Natália Ribeiro


11 de agosto de 2010

A dificuldade de se definir “Underground”

O Blog Rockalogy está às vésperas de completar seu primeiro ano na rede, em diversos posts eu fiz tentativas de, ao menos, delinear o que seria o underground hoje. Mas conforme meus estudos e minhas pesquisas vão avançando essa definição parece ficar cada vez mais distante. Na verdade os conceitos, tanto de mainstream, quanto de underground, parecem não darem mais conta de definir determinados campos de produção e consumo musicais. É como eu disse em post anteriores, o underground está cada vez mais mainstream e o mainstream cada vez mais underground, de modo que já é muito difícil por um em oposição ao outro. Como explicar bandas como o Cannibal Corpse? Eles são underground ou são mainstream?

Se por um lado a banda não é underground, porque possui um grande número de fãs, têm reconhecimento mundial, tem uma gravadora, fazem turnês, e etc. Por outro também não são mainstream, o show deles não lota e eles não possuem saída na mídia que não seja a especializada. O cenário atual seria um “meio termo”, não há nome para isso, nem ao menos uma configuração, algo que possamos denominar, o que nos resta no momento é usarmos esses mesmos conceitos, porém sempre com muitas ressalvas.

“Subcultura” e “Nicho” são conceitos que começam a parecer com freqüência nas discussões e de fato parecem estar dando mais vazão numa explanação a cerca do cenário atual. Subcultura está mais ligado a um panorama mais sociocultural, e nicho mais a aspectos mercadológicos, uma subcultura é um nicho, um nicho mercadológico. Bonequinhos do Kiss, para fãs do Kiss, caveirinhas fofinhas para emos... Novo disco do Cannibal para fãs do Cannibal, que não chegam a lotar um estádio, mas estão ali, mais ou menos isso.

(continua...)

Natália Ribeiro

4 de agosto de 2010

Investindo na produção



A banda Hatepride encontra-se em processo de produção de suas novas músicas, é como produção foi o assunto dos nossos últimos posts, nada mais justo do que usarmos um exemplo bem claro.

Como todos que acompanham o blog já estão cansados de saber, o Hatepride é uma banda underground do Rio de Janeiro que tem pouco mais de dois anos. Eles já têm vídeo clipe oficial e quatro músicas disponíveis em seu MySpace e agora estão preparando mais músicas para, quem sabe, lançarem um álbum.

Algumas bandas se destacam no underground por seu tempo de estrada, outras por seu ritmo de atividades. Atividade requer esforço, e esse esforço na maioria das vezes vem em forma de investimentos.

Uma visão mais estereotipada do underground que gosta de dizer “... estão se vendendo!”, ou “Isso não é underground”, mas afinal de contas, o que seria underground então para essas pessoas? Será que para eles o underground é estar fadado a mediocridade? Essa é uma visão antiga, de quando os meios de produção eram, realmente, muito mais difíceis de serem custeados, as bandas não lançavam seu disco por conta própria, elas tinham que ter uma gravadora, e ter uma gravadora há uns 20,30 anos atrás não era para banda underground.

Mas hoje, o acesso é muito mais fácil, rápido e barato, então gravar um CD por si só, na realidade, não quer dizer muita coisa, quem, como, e quando, isso sim, vai fazer a diferença. Qualquer um com alguma sensibilidade sabe diferenciar um álbum gravado em estúdio, de uma demo gravada na garagem.

O ambiente está muito mais competitivo o que não quer dizer que as bandas devam sair no braço uma com as outras, conforme alguns pensam, isso, na verdade, levou as bandas a se “profissionalizarem” cada vez mais; a não ser que façam isso por hobby, sempre é esperado um retorno por todo esse investimento.

Natália Ribeiro

15 de julho de 2010

Novas Configurações – Selos Independentes

“Desde o final da década de 80, quando o espaço na indústria fonográfica para o rock brasileiro encolheu, o investimento em elencos milionários declinou, acompanhando o recuo nas vendagens, e o garimpo de novos talentos foi terceirizado, ficando por conta de selos com os quais eram fechados contratos de distribuição.”


  Este artigo do Danilo Fraga “O beat e o bit do rock brasileiro: internet, indústria fonográfica e a formação de um circuito médio para o rock no Brasil”, publicado pela “Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação”, como o nome diz fala de um circuito médio, que começou a se configurar no final da década de 80 (se consolidando em 90), dentre outros motivos pelo desaquecimento da indústria fonográfica perante a inflação galopante da época (queda de 40%), a formação de selos independentes e a popularização do CD.

  Ele aponta como isso colaborou para uma maior adesão por parte do mainstream a segmentações do estilo que atuavam apenas no underground, gerando uma maior abertura, tanto para a indústria fonográfica, quanto na mídia.

“Dando preferência à contraposição dos termos mainstream e underground, Rushkoff (1996), por sua vez, entende que esta dicotomia é complexificada, sobretudo, no âmbito dos meios de comunicação. Partindo de uma análise dos meios de comunicação enquanto organismos que podem ser “infectados”, tanto por intenções das corporações quanto pelos atos subversivos de contestação ou pelas táticas de ações comunicativas, Rushkoff depõe a favor do caráter alternativo dos grupos marginais como uma resposta “natural” do “organismo”. Assim, mainstream e underground se “contaminam” num processo de imissão recíproca.”

  É como se o mainstream estivesse cada vez mais underground, e o underground cada vez mais mainstream, e de fato, isso pode ser notado, bandas como o Slipknot nos anos 90 provavelmente não sairiam na revista “Capricho”, ou teriam seus clips exibidos no Top TVZ da Multishow, por outro lado bandas do underground estão tendo que se virar para chamarem a atenção dos selos independentes, o que as leva a produzirem seu próprio material e a bolarem estratégias a níveis cada vez mais espetaculares, mais midiáticos.

  Os selos independentes são responsáveis pela descoberta e administração de novos talentos enquanto as majores distribuem o produto, valendo-se de seus aparatos logísticos. Mas esse esquema também tem se mostrado mais variante, com bandas que saem direto “do nada” para uma gravadora, ou bandas e nomes grandes que optam por selos independentes.

  No meio dessa bagunça o que conseguimos ver é que os selos independentes tem tido um papel importante nessa nova configuração do mercado musical, alterando inclusive a apreensão sobre os gêneros e os estilos, eles funcionam como mediadores importantes entre o underground e o mainstream, o que lembra muito o papel do produtor no underground, que foi assunto da nossa última conversa.

Natália Ribeiro.



"No primeiro programa de nossa web tv, uma entrevista com a banda Os Clodoaldos, intercalada com apresentações deles no "Dia do Rock", o maior evento de Rock de 2009 em Niterói, produzido pela banda em parceria com o Arariboia Rock"

Web TV que pega bandas underground, bem legal a idéia.