28 de junho de 2011

Locais underground - Casa 500 Anos, Cabo Frio-RJ



Muito legal esse vídeo feito na Casa 500 Anos em Cabo Frio-RJ. O local que é uma casa como o próprio nome diz, já é conhecido na região por abrigar eventos underground. A banda que está agitando é o Ágona, banda já bastante conhecida na área e que acaba de lançar seu novo EP "Essencial Putrefação", já disponibilizado para download (http://www.mediafire.com/?i527oamb20c9ohu) os caras não estão de brincadeira não. 

É interessante essas peculiaridades que o underground nos proporciona, como tocar em lugares muitas vezes inusitados, penso que tocar numa casa amplie ainda mais a noção de "familiaridade", no sentido de irmandade mesmo. É interessante pensar que o fator espacial como não sendo um limitador para que aconteçam os eventos. Não quero entrar aqui na discussão sobre a qualidade ou a estrutura desses lugares e eventos, o que eu quero ressaltar é a força de interação que existe entre público, produtores e bandas, aonde a força de vontade/entusiamos com o underground parece ser mais determinante que qualquer outro fator.

Esses eventos de menor porte, por assim dizer, são importantíssimos para a manutenção da cena, pois são eles que fazem manter o movimento, que não permitem que haja uma estagnação.


Confiram 

21 de junho de 2011

Estereótipos no Metal I

“No âmbito da sociologia, a partir do conceito de representações coletivas proposto por Durkheim (1898), o estereótipo é definido como uma imagem mental coletiva que determina formas de pensar, agir e mesmo sentir do indivíduo. Essas imagens são responsáveis pela coesão do grupo e geram um sentimento de pertença dos indivíduos em relação àquela comunidade. Assim, os estereótipos garantem relativa homogeneidade já que os membros de um grupo se reconhecem por compartilharem uma visão de mundo. Sob essa ótica, o estereótipo tem uma função construtiva já que, ao partilhar crenças e valores, um determinado grupo social tem sua unidade consolidada através de “modelos” que assume. Isso quer dizer que o indivíduo se sente integrado a uma comunidade.” (DIAS, 2007 :27)
Os estereótipos fazem parte dos mecanismos de agenciamento da cultura metálica. O heavy metal partilha de diversas vertentes, se não houvesse uma diferenciação entre elas, todas pertenceriam a um mesmo estilo. Quando falamos de “cultura metálica”, estamos falando não apenas da música em si, mas de tudo que está a sua volta e que configuram um modo de ser diferenciado. São a ideologia, as roupas, o modo de agir e etc.

Os estereótipos são construções narrativas que vão se solidificando ao longo do tempo. Ao mesmo tempo em que aproximam aqueles que fazem parte de um mesmo grupo, afastam, ou são repelidos por aqueles que são diferentes, ou seja, funciona como mecanismo de identificação e de diferenciação ao mesmo tempo. São uma via de mão dupla, nem bons, nem ruins, apenas diferentes. Este embate é constante na construção da identidade, seja de um indivíduo, ou de um grupo.

Matérias como esta do site Metal Storm (traduzida por Flávio Bonfiglio para o site Whiplash), além de divertidas, mostram a importância dos estereótipos para o Metal, mais especificamente para o Power Metal. É claro que essas “regras” não determinam e nem descrevem a realidade da forma como um fã, ou as bandas de Power Metal devem agir, mas elas são pedaços da realidade (ou não) captados por alguém que conhece e de alguma forma acompanha estas bandas, ou mesmo vive esta realidade de fã.

Abaixo alguns trechos que julguei mais relevantes, por assim dizer:

1. Você tem um objetivo: ser épico.

2. Não deixe nenhum som isolado. Se há um solo de guitarra, harmonize-o. Se há uma linha vocal, faça dela um coro.

3. Teclados são uma ótima maneira de adicionar milhares de texturas diferentes em uma canção. Encontre duas dessas que você goste e insira em qualquer canção que você componha.

4. No mundo power metal, qualquer coisa “do aço” é boa, e qualquer coisa boa deve ser comparada ao aço.

5. Você não necessariamente precisa cantar letras sobre Satã, o mal, e/ou trevas.

6. Você PRECISA cantar letras sobre dragões, liberdade e/ou power metal.

9. Espadas aumentam sua credibilidade e sua performance. Certifique-se de carregar uma com você não importando se você sabe usá-la ou não.

10. Escolha um tema e nunca mais largue-o. Manowar são guerreiros do True Metal e eles não cantam sobre mais absolutamente nada. Rhapsody tem suas crônicas de Algalord. Hammerfall têm seu aço, seus martelos e seus templários. Running Wild tem piratas. Blind Guardian tem Tolkien. A nenhum deles é concedido o direito de cantar sobre outra coisa a mais.

16. Se possível, seja Michael Kiske

17. Se isso não for possível, finja ser Michael Kiske.

45. Embora sua vestimenta não exija corpse paint, requere-se uma capa, um monte de jóias e as já mencionadas espadas.

46. A não ser que vocês sejam o Manowar. Nesse caso vocês são muito poderosos para usar roupas.

47. Pensando bem, não sejam o Manowar.

48. Use armadura sempre que possível. Hammerfall dá uma boa idéia de modelos de armaduras aceitáveis, desde couro endurecido até cotas de malha.

81. Lembre-se, barbear-se é épico, cortar o cabelo não.

98. Reclame todo o tempo do Stratovarius, embora você possua todos os itens possíveis deles e que você os escute mais do que qualquer coisa na sua coleção.




Fontes: 



Bibliografia:

DIAS, Dylia Lysardo. A Construção e a desconstrução de estereótipos pela publicidade brasileira. Stockholm review of latin american studies :novembro 2007 [disponível em: http://www.lai.su.se/gallery/bilagor/SRoLAS_No2_2007_pp25-35_Lysardo-Dias.pdf]

DURKHEIM, Émile. Représentations individuelles er représentations collectives. In: Sociologie et philosophie. Paris: 1898

14 de junho de 2011

O que são "metaleiros", pela Globo em 85

Em tempos do primeiro Rock in Rio, a Globo resolve explicar o termo que ela mesma ajudou a disseminar, "metaleiros".  Abaixo do vídeo segue a transcrição dos melhores (ou piores) momentos:


"Até o início deste fetival pouca gente havia ouvido essa palavra "metaleiro"
"E muito menos gente ainda sabia o que realmente esses jovens adavam fazendo"
"Agora eles estão lá, curtindo o rock pesado"

Nota-se a preocupação da repórter com o que esses jovens "realmente" andavam fazendo.

"O metaleiro anda com pouca grana no bolso. A idade é muito variada, mas nunca passa dos 30"

Essa é ótima, mostra praticamente a delinquência desses jovens, ideia que vem a ser corroborada com os entrevistados; 

"Viver isso aqui significa saldação ao demonio, nosso pai"_O Daniel San do thrash metal

"A gente somos contra bebida, maconha, os tóxico todinho. A gente somos contra tudo isso (sic)"

Depois disso a repórter pergunta a um tiozinho de óculos: "O senhor fica preocupado de sua filha ou seu filho virar metaleiro?" Daí ele responde "absolutamente", e eles cortam!
Neste ponto fica claro a intenção da matéria de estigmatizar os fãs de Heavy Metal.

As crianças no final salvam a matéria: "É o rock do futuro, o rock da geraçao jovem!"

1 de junho de 2011

Programa Legal - Heavy Metal



Redação: Hubert, Pedro Cardoso, André Waissman e Marcelo Tas, com a colaboração de Jorge Furtado e Luis Fernando Verissimo

Direção: Guel Arraes, Belisário França

Estrelado pela dupla Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães, o Programa legal mesclava documentário com ficção e humor e foi ao ar de abril de 1991 a dezembro de 1992, às terças-feiras 21h30. Cada edição pretendia mostrar como um “programa de índio” podia se tornar uma aventura interessante e divertida. Em cada situação, Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé davam vida a uma grande variedade de personagens e entravam em contato direto com as pessoas nas ruas.

Os temas eram desenvolvidos pelos redatores a partir de uma pauta jornalística elaborada com base em rigoroso trabalho de pesquisa, a cargo de Rita Rocco, e em entrevistas e reportagens realizadas num registro bastante informal. A equipe de redação incorporava material jornalístico à ficção, dando unidade de linguagem e tratamento televisivo ao tema. Era um programa sofisticado, com edição ágil, ritmo acelerado e alta quantidade de informação. 

O programa especial sobre Heavy Metal foi ao ar em setembro de 1992, o Metal estava no auge por aqui. Vários pontos centrais como religião, visual, família e atitude, são abordados de forma bem humorada, eles se aproveitam bastante dos estereótipos. Alguns fãs podem achar esse tipo de abordagem negativa, mas na verdade o humor bem feito, é uma das melhores formas de se transmitir um conteúdo complexo para um público majoritariamente leigo no assunto.

O jeito descontraído num primeiro momento parece corroborar o preconceito, o que aproxima as pessoas que compartilham desse tipo de visão estereotipada, mas no momento seguinte ele complexifica, e acaba quebrando, pelo menos em parte, esse preconceito. É uma abordagem diferente da do Massacration por exemplo, pois este não propõe mostrar uma realidade, como neste programa/documentário.

O programa é bastante rico e dá para perceber um trabalho de pesquisa bem elaborado sobre o tema.  Tem partes muito curiosas, como a cena Heavy Metal do Nordeste, e da Rússia, e cenas como a da Regina Casé com as mães dos integrantes do Ratos de Porão e do Sepultura.