31 de março de 2010

Questões sobre as meninas no movimento underground


Por: Natália Ribeiro R.


Janeiro de 2010



Falar sobre a questão das meninas no movimento, discutir sobre seus lugares no grupo, não é tão simples quanto parece. Vivemos com a falsa idéia de que a mulher já conquistou seu espaço seja onde estiver, mas isso não é verdade. Cargos mais importantes, salários mais elevados, posições políticas, leis especificas, maior representação, tudo isso foi conquistado à base de muita luta, muitos preconceitos foram derrubados, eu não estou negando isso, mas faltam ainda muitas conquistas.

Ao passo que estamos ganhando representatividade, a imagem da mulher vem sendo cada vez mais denegrida, a sensualidade, a beleza estão sendo postas como as maiores virtudes que uma mulher pode ter, e esses são valores medíocres, voláteis, quando a questão independe dos dotes físicos tudo se complica.

Este é um tema que a muito vem sendo debatido e que se mostra em diferentes círculos sociais, é um tema que está em toda parte, e não poderia deixar de estar presente no underground, que parece ser o lugar onde tudo se agrava.

O underground é efervescente, a juventude costuma fazer sua catarse e explodir por lá, é onde as coisas acontecem mesmo que aparentemente nada esteja acontecendo, é lá que as identidades se afirmam, entre àquelas pessoas. O underground é a fonte disso. Lá existem muitos reflexos das coisas que estão ao redor, é um lugar mesmo para expor e se expor, e cada vez mais será isso que garantirá nossa existência.

Quando uma mina aparece num evento ou num point, muito dificilmente ela estará sozinha, pois há o conhecimento de que aquele ambiente preserva sempre certa hostilidade, certamente a mina que aparece sozinha num evento é alvo de muitos olhares e alvo de comentários.

O fato é que o underground é tomado pelo sexo masculino, as meninas sempre foram minoria, e se tratando de mina que curte som mesmo esse número é ainda mais reduzido. Muitas minas que estão presentes, estão lá de acompanhantes, pouco ou nada curtem de som, o outro tipo que podemos encontrar são as que estão lá não pelo som de fato, elas na verdade não querem participar do movimento, mas outras coisas as atraem, talvez o ambiente, a vontade de experimentar um lugar diferente, por curiosidade, para conhecer novas pessoas, enfim, essas são minas que podem vir a fazer parte de fato do movimento.

Vê-se que em nenhum dos dois casos elas pertencem ao movimento. Para pertencer é preciso agir, ser atuante, conhecer som, trocar informações, comparecer a eventos, estar nos points, saber da galera, conhecer determinadas pessoas, etc. Porém as minas que “agem” acabam por não serem reconhecidas, e por mais que sejam a certa altura, ainda sofrem algum tipo de preconceito ou estão sempre sendo postas à prova.

Ao conversar com os rapazes eles dizem que a maioria está lá mesmo para “dar uma de mina Rock” pra aparecer, pra azarar mesmo. Pode ser bem verdade, mas onde estaria essa minoria? Provavelmente está sendo desestimulada em algum canto.

Os rapazes criticam muito as bandas só de garotas, ou bandas com integrantes mulheres, desencorajam essa atitude, mas essas outras minas, as que não ligam pro movimento, por outro lado, são super encorajadas a permanecer a ele, mas as condições não são deixadas claras, elas pertencerão, mas pertencerão à margem, mas nem todas ficam satisfeitas com essas condições impostas.

Outra questão, é a das meninas que já conseguiram se estabelecer e têm atitudes tão ou mais radicais que a dos rapazes em relação as outras minas que estão chegando ao movimento. Isso acontece por uma questão de território, de poder. Por exemplo, uma banda só que meninas que buscam espaço a um bom tempo numa determinada cena, que conseguiu em fim dizer o que queriam e ter seu som reconhecido, que já atrai um determinado público, ou seja, que já conseguiu seu espaço. Chega agora uma outra banda também só com meninas naquela cena, essa banda não vai precisar abrir ou percorrer todo o caminho daquela primeira banda novamente e dependendo do som atrairá o mesmo público, o clima será sempre de competição entre essas bandas, mesmo que a rixa não seja declarada entre as integrantes das bandas, o público poderá se ocupar disso, essa situação só se amenizará quando o assunto não for mais este, quando o tempo se encarregar da questão ou quando surgir uma terceira banda, até onde eu tenho conhecimento no momento três bandas já consolidadas, só de garotas numa mesma cena é caso inédito, isso na certa abalaria as estruturas do underground.Vai ver que é disso que precisamos.

30 de março de 2010

Anexo

Por motivos desconhecidos não estou conseguindo postar a letra e a tradução da música do Subtera, sendo assim eu estou pondo um link para que vocês possam acompanhar.

29 de março de 2010

Clip da Semana - Acid Rain Banda Subtera

Falando de underground, nada mais justo que o clip de hoje seja de uma banda que pertence ao meio. O vídeo tem uma produção bem simples mas que também não comete erros, parece que preferiram não arriscar abusando dos clichês para o registro de bandas de Heavy Metal, o mais importante é a música, então vamos lá!

Subtera "Acid Rain"

24 de março de 2010

Acúmulo de Tarefas


Para uma banda do underground “apenas” tocar não é suficiente, ela tem acumulado cada vez mais tarefas. Sem qualquer apoio financeiro, muitas bandas se viram como dá na disputa por um espaço, pela oportunidade de mostrarem seu trabalho, pois tão importante quanto tocar é poder apresentar isso, fazer com que seja ouvido.


A figura do produtor, daquela pessoa que pega uma banda e põe ela para tocar, que cuida de arranjar shows, agendar datas, divulgar, promover e etc. praticamente não existe, ainda mais se considerarmos o meio underground.

Sem apoio para bancar uma campanha publicitária eficiente nos meios mais tradicionais, como TV, revistas, jornais, outdoors, mala direta, ou o que for que demande um investimento inicial, a grande saída é a Internet.

A Internet é “o meio” de comunicação do underground, hoje uma banda além de ter instrumentistas deveria ter ao menos um webdesigner, a banda de uma forma geral deve saber lidar com, sites como MySpace, Orkut, YouTube, FaceBook, Fotolog, Blogspot, Twitter entre outros, e além de sites tem os softwears, para manipulação de imagens, edição de áudio/visual e masterização de som, por exemplo.

Não bastasse cuidar de toda divulgação muitas bandas organizam seus próprios eventos, ou se juntam com outras bandas para este fim. Isso gera um grande esforço de organização, alugar um lugar, uma aparelhagem de som, técnico, bilheteria e etc.

Na hora de gravarem uma demo (lançar um álbum inteiro são outros 500) ou um disco independente a banda tira dinheiro do próprio bolso, e quando esse dinheiro não está em caixa uma boa alternativa é comercializar produtos relacionados à banda, camisetas são o exemplo mais clássico, mais tarefa para banda.

Sem dúvidas dá muito trabalho ter uma banda,

Mas mesmo que a recompensa não venha em cash, algo nos faz continuar.

Let there be the Rock!

22 de março de 2010

Clip da Semana

Sessão inaugurada no blog!

Toda segunda será apresentado o clip de uma banda, que normal mente terá à ver com a última postagem. Como o tema da última postagem foi " Evolução e Técnica", eu trouxe um vídeo, que por indicação foi escolhido para ilustrar ainda mais nosso assunto.
Seguem a letra e a tradução, pois eu acho importante observarmos além da mensagem que a música quer passar a relação da letra com o ritmo, com o sentimento que ela quer passar.

SUICIDE SILENCE - Wake Up (OFFICIAL VIDEO)

SUICIDE SILENCE - Wake Up (OFFICIAL VIDEO). From the album "No Time To Bleed", Century Media Records, 2009.

Wake Up – Suicide Silence

Wake up, wake up!

This is no hallucination
This is what we have become
This is what dreams are made of
Go look in the mirror.
Wake up, wake up!
This is no hallucination x2
Do we still exist?
I can't see my face.
Or are we just rot here?
I can't see my face
.Wake up, wake up!
This is no hallucination
This is what we have become
This is now what dreams are made of.
Wake up, wake up! x8
Come on, come on you've got to wake the fuck up
Wake up, wake up!
This is more than you bargained for
It took so long so you ate some more
You did too much man, you did too much!
Wake up, wake up! x4

Acoder, acorde!
Isto não é uma alucinação
Isto é que nós nos tornamos
Isto é do que os sonhos são feitos
Vá e olhe no espelho.
Acorde, acorde!
Isto não é alucinação!
Nós continuamos a existir?
Eu não posso ver meu rosto.
Acorde, acorde!
Isto não é alucinação
Isto é que nós nos tornamos
Isto é do que os sonhos são feitos.
Acorde, acorde!
Venha logo, você tem que acordar p***a!
Acorde, Acorde!
Isto é mais do que você estava procurando
Isso levou muito tempo mas você levou (comeu) um pouco mais
Você fez muito cara, você fez demais!
Acorde, acorde!

18 de março de 2010

Evolução e Técnica




O Rock evoluiu muito em pouco mais de meio século de existência, hoje “Rock” engloba um mundo de possibilidades e gêneros, esse desdobramento em vertentes tomou impulso nas últimas décadas. A fim de analisar esse fenômeno, e tendo em conta a dificuldade de abordar o tema de forma competente usando aspectos gerais, neste post vou tratar da “evolução” do rock a partir da técnica.

Por técnica não vamos entender somente habilidades musicais adquiridas através de estudos, ou por meio autodidata , mas vamos estender nossa compreensão às tecnologias, aos avanços técnicos nos instrumentos e equipamentos e às novas tecnologias de gravação e produção em geral. Não fiquemos presos a noção “básica” deste termo.

Quando eu comecei a pensar sobre essa questão da técnica e em suas conseqüências sobre a música as primeiras bandas que me vieram à cabeça foram aquelas que são chamadas ou se denominam extremas e as bandas que optam pela virtuose na expressão de seu som. Guitarristas tocando numa velocidade quase surreal, bateristas que parecem estar disparando uma metralhadora, vocalistas explorando sonoridades cada vez mais baixas, até aonde isso vai chegar? Não é bem essa a questão.

Quando nos bastamos de sermos ouvintes, parece que cada novo absurdo surgiu por geração espontânea, sendo comum a fala: “Uau! De onde esse cara tirou isso?”. Não estou discutindo a genialidade de pessoas como Eddie Van Halen, aonde eu quero chegar é no papel da “técnica” nessa história. No final dos anos 70 ele revolucionou, levou o instrumento guitarra a outro patamar, assim como fez Jimmy Hendrix pouco mais de uma década antes, hoje, século XXI, um garoto de 15 anos pode fazer o que eles faziam dentro de seu quarto em frente a um computador. Quarenta anos se passaram de 70 para cá, hoje temos instrumentos muito mais avançados, nós temos softwares, Van Halen não tinha noção do que era isso naquele tempo.

Novas tecnologias inseridas por novos equipamentos e softwares e novas técnicas que vão sendo incorporadas ao “modo de tocar determinado estilo”, que podem ser aprendidos e absorvidos pelos músicos, nos levam então a novos patamares.

Como ilustração a esse post segue o vídeo da banda brasileira Krisiun que é tida como o expoente extremo do metal nacional.

KRISIUN - Murderer (OFFICIAL VIDEO)

Do álbum Works Of Carnage
Century Média 2003