7 de abril de 2010

Crítica Especializada


“A crítica especializada também se constitui como um campo privilegiado para agregação de valores e estabelecimento de limites para o formato da canção. Como parte considerável da produção de sentido no âmbito da musica popular massiva ocorre a partir do exercício de discussão sobre os modos particulares de apropriação da canção e de ideologias de audição (como ouvir um som corretamente), o critico se apresenta como aquele detentor de um repertório privilegiado para estabelecer os parâmetros dessas discussões. Revistas especializadas como a Rolling Stone, NME, Mojo etc. costumam ter sua gênese em antigos fanzines e referendam a pratica ‘pedagógica’ de mostrar o consumidor o que ouvir e como ouvir.”


Poética do musica underground: vestígios do heavy metal em Salvador – Jorge Cardoso Filho. Rio de Janeiro: (E-papers, 2008)

A: Quem está preparado, de fato gabaritado, para estabelecer parâmetros de apreciação no underground?

B: Até que pondo a mídia especializada, ou que pelo menos se auto-proclama assim, influencia ou até mesmo determina, o nosso comportamento, a nossa posição para com a música proveniente do underground?

Bem... Isso é pra pensar né,

Pelo que eu tenho pesquisado até o momento, mídia “especializada” em underground não existe, não nos moldes das revistas citadas no texto de Jorge Cardoso, mesmo porque seria algo incompatível. O que existe são produções independentes, fanzineiros, blogueiros , que alcançam um número bastante reduzido de audiência, o que os desqualifica como “critica especializada” ,como “formadores de opinião canonizados”, eu pelo menos eu os desqualificaria, devido ao nível de consentimento, de adesão que isso invoca.

Vamos pegar então as revistas Roadiecrew e Rock Brigade, cuja especialidade é rock e heavy metal, o que elas têm de underground? Elas escrevem sobre bandas do underground? Resenham eventos underground; divulgam demos das bandas?

Se tem, é muito pouco, a Roadiecrew tem até uma seção de demos, a Rock Brigade também tem algo parecido, mas não há dúvidas que mais de 90% do conteúdo são de bandas já fora desse circuito, ou sobre temas onde o underground apenas paira como uma assombração. Em nenhum momento essas revistas disseram que eram sobre underground, ou que assumiriam uma função social para com o underground, porém, ela são consumidas por quem é ou freqüenta o meio.

Se isso tem algum problema? É claro que não. A questão é que mesmo essas revistas tendo lugar privilegiado estabelecendo parâmetros para discussões dentro do rock e heavy metal, ela não será “detentora de um repertório privilegiado para estabelecer os parâmetros dessas discussões” em relação ao underground, ou seja, mais uma vez ficamos sem os especialistas.

Isso só mostra o quando as relações no meio underground são complexas. Essas são questões que sem dúvidas exigirão ainda muito do meu esforço de pesquisa, mas por hora eu digo que quem dita as regras no underground é o próprio público, é quem faz parte ali daquele meio, uma outra banda ou personagem que possui mais visibilidade talvez tenham algum tipo de “realce”, mas ao que me parece, sempre num coletivo, porque nada lá se resolve sozinho.

Natália R. Ribeiro



3 comentários:

  1. E ainda tem aqueles q se dizem especialistas e só falam merda,ou então agem como se estivessem por dentro do meio.Alguns escrevem resenhas pra sites e até mesmo se vê em revista falando-se bobeira em cima de boebira,isso q se for falar de underground entao fudeu!Cada um da sua opinião esquecendo q pra se julgar certas coisas no meio do underground é quase impossivél.

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  2. Curti as sua rezenhas mt boas msm projeto legal se quizer que eu divulgue na minh comuh a vontade, vc não conseguiu entrar em contato comigo pode me add no orkut

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  3. Rodie Crew e Rock Brigade... eu gosto das revistas, mas reconheço que é sempre mais do mesmo (já consagrado)em suas mais diversas vertentes (pra não dizer rótulos) do rock, metal e numetal. Assim...acho que o que mais contrói de fato a cena underground, aqui no brasil, não é de fato a mídia sobre, e sim o "locus" underground. O lugar dos frequentadores, onde os fãs se reúnem e conversam sobre o que há de novo, para então formar grandes redes sociais e alguns despontarem daí (vide profiles pop de orkut lotados e comunidades sobre o gênero ou determinada banda). Quando ganham alguma visibilidade, aí sim passam pros grandes veículos de comunicação e geralmente recebem o apoio dos consagrados do mercado,implantando-se numa vida média baixa na cena underground pop. (falei mtoo! excelente post natália!!)

    bjooo

    Verena

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