26 de fevereiro de 2011

Debate: Locutor 0, Lobão 10

Não sou dessas pessoas que tira o chapéu pra tudo que o Lobão diz ou faz, mesmo o cara estando no centro do furacão do que foi o rock no Brasil nas décadas de 80 e 90, isso nunca me impediu de relevar algumas de suas ideias, mas nesse programa de rádio ele arrasou.
Foi prato cheio para seus ataques...
O locutor também parece ser daqueles que assiste muita MTV. O cara chamou o KISS que "palhacinhos", sem saber o que aquilo quis dizer naquela época. Sem comentários, ouve aí...

23 de fevereiro de 2011

Nos Tempos do Garage, post especial

Fiquei muito feliz quando Wagner Carvalho, companheiro na luta pelo underground, baixista na banda Profane Art, locutor e “resenhista” da webradio Metal Militia, aceitou o meu convite de compartilhar aqui no Rockalogy, um pouco de sua história, nos contando como que era “nos tempos do Garage”.


Há tempos venho querendo falar sobre esse assunto, mas esbarrei no grande problema que é a falta de fontes. Eu não estive a oportunidade de estar lá, e muita gente também não, a galera mais nova, gente de outros lugares por exemplo, no entanto, praticamente todo mundo já ouviu falar, então nada melhor do que alguém que viveu esse momento para compartilhar conosco o que foi esse “fenômeno”, esse “momento histórico”, do underground carioca.

Natália RR
Nos Tempos do Garage


Inaugurada com o nome de Garage Art Cult em 1987, para a exibição de vídeos, a casa passou a realizar shows no início dos anos 90, sendo o quartel general de toda uma geração de fãs de música alternativa, rock e metal em todas as suas vertentes.

Situado na Rua Ceará, o Garage (hoje inativo) funcionava na antiga sede do MOTOCLUBE BRASIL e era considerada “a Meca do underground carioca”, segundo Tom Leão, numa matéria escrita para o Rio Fanzine em 1991. Foi a primeira vez que li sobre o lugar que abrigou shows de bandas então iniciantes, hoje algumas delas aclamadas pelo público e a crítica, e outras excelentes, mas que assim como a casa encontram-se extintas.

Em um tempo em que o Metal era muito mais discriminado que atualmente e não havia Internet, o palco do Garage, foi muito disputado, já que eram poucas as casas que abriam espaço para shows de bandas de metal, hardcore e os mais diferentes e estranhos estilos musicais da época.

Por conta da escassez de espaços e meios de divulgação, formou-se na época, a Associação de Bandas do Garage, com constantes reuniões para a organização de shows em parceria com as bandas, essa iniciativa inclusive conquistou espaço no programa 24horas, da também extinta TV Manchete.

Durante seus vários ciclos de atividade sob o comando do “Fábio do Garage”, a casa agitou a cena underground dos anos 90 em todos os sentidos, tornando-se um celeiro da cultura underground, com venda de zines, demos, camisas e afins. Passaram pelo saudoso Garage bandas nacionais de diferentes estilos, de Dorsal Atlântica a Planet Hemp, de Murder Rape a Zumbi do Mato, além de estrangeiras, de Exodus a Agnostic Front, sempre com momentos inesquecíveis para seus freqüentadores.

Hoje muita gente chama a Rua Ceará de Garage, muitos nem ao menos sabem o porquê, outros por hábito, já que após tantas idas e vindas, além da lembrança, a esperança continua viva. É como se algum dia, a qualquer momento o Garage pudesse voltar a ativa.

Mesmo hoje com tantas casas, acho que o Garage deveria iniciar um novo ciclo de atividades, pela sua importância histórica para o underground e também por ter sido a incubadora do metal extremo no Rio de Janeiro.

Espero que gostem, boa leitura...

Dedicado a todos aqueles que mantém a cena viva!


Wagner Carvalho
http://www.wagnercarvalho.tk/
http://www.metalmilitia.com.br/
http://www.cultcircuito.com.br/

18 de fevereiro de 2011

Movimento Underground Carioca


O MUC é um projeto ainda em fase inicial, mas que promete mudar a forma como o underground carioca tem sido organizado. A proposta principal é bem simples, a de unir as bandas do underground, e o objetivo é fazer com que as bandas consigam se manter na ativa e que por conta própria alcancem objetivos mais altos, nesse sentido o MUC funcionará como um suporte.

A idéia em si já existe a muito tempo, todos que possuem um envolvimento maior com a cena já sabem que a união é a melhor saída, porém, um esforço maior para que tudo saísse do plano das idéias a entrasse no campo das ações nunca foi tentado de forma efetiva. Tendo em vista o meu trabalho com o Rockalogy, que tem como objeto de estudo “o underground”, eu sempre pensei numa forma de agir de fato na cena, sempre pensei numa forma de interferir de uma forma positiva.

Mas um projeto com tamanha proporção como esse, não poderia ficar a cargo de apenas uma pessoa, foi numa parceria com a Cíntia Ventania, que já tinha idéias muito parecidas com as minhas, que encontramos apoio para darmos partida nos nossos planos para a cena underground.

Para tudo dar certo nós vamos precisar ainda de muito mais apoio, apoio das bandas, do público, de uma forma geral, das pessoas ativas na cena, e que querem lutar por um bem maior e coletivo, em nome da música em primeiro lugar.

Rockalogy e MUC mais do que parceiros são irmão, e estão juntos na luta. O que eu desejo para essa nova empreitada é muita força e energia positiva, que tudo dê certo e que o nosso underground seja reconhecido como exemplar, que muitas bandas decolem e muitas bandas floresçam na nossa cena.

Long Live Rock’ n’Roll

Sigam, comentem, espalhem

Natália RR

13 de fevereiro de 2011

The Underground II


O underground está em constante mudança, há sempre uma nova configuração no cenário, por isso a dificuldade de se chegar a uma definição. Apesar do termo ser usado constantemente para significar bandas e sonoridades que se encontram em situação específica, há sempre o incomodo com a tentativa de se especificar o que é isso de fato.

Só se pode começar a falar de underground, como conhecemos atualmente, a partir da década de 80. O Punk foi um vendaval que mudou as coisas do lugar, foi depois do Punk em 77 que as coisas começaram a se complicar, foi quando as bandas começaram a produzir de forma independente, e o “do it yourself” passou de exceção a regra.

Mas foi em 90 e 2000 que a coisa foi ficando preta, depois da crise das gravadoras e o excesso de informação na rede, tudo ficou ainda mais confuso. Se antes só era possível gravar um disco tendo o suporte de uma gravadora, agora se faz isso sem precisar sair de casa, em compensação não vemos hoje as gravadoras investirem em estilos como foi o Thrash Metal na década de 80.

Outra coisa que se deve ressaltar em relação ao underground é que ele não é um estilo musical e que não se explica apenas por esse viés mercadológico. É algo maior e que engloba uma série de fatores. Quando de se fala em “música underground” geralmente estão falando de música com pouco ou nenhum valor econômico, analisando do ponto de vista mainstream “Restart” em parte pode ser verdade, mas quando se fala em underground não é isso que está em jogo.

Natália RR

3 de fevereiro de 2011

Falta de integração


O que mede a “qualidade” de uma cena underground é a interação entre os seus elementos: público, bandas e lugares. Se o público não se relaciona com as bandas, ou as bandas não têm lugar para se apresentarem, isso é sintoma de má integração. Não dá para pensar um elemento separado do outro, eles estão sempre juntos de alguma forma.

No Rio de Janeiro temos centenas de bandas, e não obrigação de ninguém conhecer uma por uma, mas muitas vezes a banda está ali, no nosso espaço, e nunca ouvimos falar. É estranho quando lemos em alguma mídia especializada algo do tipo: “a melhor banda de Deathcore do Rio de Janeiro”, e você nem sabia que existia essa banda, às vezes é publicidade barata, às vezes a banda é boa mesmo.

O problema é bem simples, falta de comunicação, falta de interação da banda com a galera do local, falta de interação da galera do local com a banda ou falta de local, leia-se caçar lugar para tocar.

Às vezes eu penso que há certa indisposição de algumas banda em relação a cena local, por uma série de motivos, mas a principal característica da cena underground é a questão do local, se a banda tem reconhecimento no seu local isso é mais do que prova que ela está no caminho certo e está bem sucedida.

Natália RR