Fiquei muito feliz quando Wagner Carvalho, companheiro na luta pelo underground, baixista na banda Profane Art, locutor e “resenhista” da webradio Metal Militia, aceitou o meu convite de compartilhar aqui no Rockalogy, um pouco de sua história, nos contando como que era “nos tempos do Garage”.
Há tempos venho querendo falar sobre esse assunto, mas esbarrei no grande problema que é a falta de fontes. Eu não estive a oportunidade de estar lá, e muita gente também não, a galera mais nova, gente de outros lugares por exemplo, no entanto, praticamente todo mundo já ouviu falar, então nada melhor do que alguém que viveu esse momento para compartilhar conosco o que foi esse “fenômeno”, esse “momento histórico”, do underground carioca.
Natália RR
Nos Tempos do Garage
Inaugurada com o nome de Garage Art Cult em 1987, para a exibição de vídeos, a casa passou a realizar shows no início dos anos 90, sendo o quartel general de toda uma geração de fãs de música alternativa, rock e metal em todas as suas vertentes.
Situado na Rua Ceará, o Garage (hoje inativo) funcionava na antiga sede do MOTOCLUBE BRASIL e era considerada “a Meca do underground carioca”, segundo Tom Leão, numa matéria escrita para o Rio Fanzine em 1991. Foi a primeira vez que li sobre o lugar que abrigou shows de bandas então iniciantes, hoje algumas delas aclamadas pelo público e a crítica, e outras excelentes, mas que assim como a casa encontram-se extintas.
Em um tempo em que o Metal era muito mais discriminado que atualmente e não havia Internet, o palco do Garage, foi muito disputado, já que eram poucas as casas que abriam espaço para shows de bandas de metal, hardcore e os mais diferentes e estranhos estilos musicais da época.
Por conta da escassez de espaços e meios de divulgação, formou-se na época, a Associação de Bandas do Garage, com constantes reuniões para a organização de shows em parceria com as bandas, essa iniciativa inclusive conquistou espaço no programa 24horas, da também extinta TV Manchete.
Durante seus vários ciclos de atividade sob o comando do “Fábio do Garage”, a casa agitou a cena underground dos anos 90 em todos os sentidos, tornando-se um celeiro da cultura underground, com venda de zines, demos, camisas e afins. Passaram pelo saudoso Garage bandas nacionais de diferentes estilos, de Dorsal Atlântica a Planet Hemp, de Murder Rape a Zumbi do Mato, além de estrangeiras, de Exodus a Agnostic Front, sempre com momentos inesquecíveis para seus freqüentadores.
Hoje muita gente chama a Rua Ceará de Garage, muitos nem ao menos sabem o porquê, outros por hábito, já que após tantas idas e vindas, além da lembrança, a esperança continua viva. É como se algum dia, a qualquer momento o Garage pudesse voltar a ativa.
Mesmo hoje com tantas casas, acho que o Garage deveria iniciar um novo ciclo de atividades, pela sua importância histórica para o underground e também por ter sido a incubadora do metal extremo no Rio de Janeiro.
Espero que gostem, boa leitura...
Dedicado a todos aqueles que mantém a cena viva!
Wagner Carvalho
http://www.wagnercarvalho.tk/
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http://www.cultcircuito.com.br/
Muito bom,SALVE O GARAGE!
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