17 de novembro de 2011

Documentário "Profissão: Músico"_comentado



O documentário trata da dificuldade de se sobreviver de música num tempo em que não precisamos pagar pra consumi-la. Com a internet, os softwares e os sites de compartilhamento podemos baixar praticamente tudo no que diz respeito a bens culturais, como livros, séries, filmes e músicas. Se conseguimos isso de graça então por que pagar por isso?

O problema é que existe um custo para a produção, e não estou tocando aqui nem na questão da crise da indústria fonográfica, falo dos artistas e bandas independentes mesmo. O custo para ser produzir um material de qualidade é considerável, quando não é investimento de dinheiro diretamente, ha todo o tempo e o trabalho investido pelas pessoas que estão envolvidas, e esses custos não encontram retorno quando a música é baixada.

Vejo como um grande esforço jogado fora a tentativa das grandes gravadoras de restringir os downloads e de caçar os culpados, o que deve ser feito é uma readaptação ao mercado. Com o espaço disponível na rede os artistas passaram também a poderem mostrar seu trabalho para o mundo, sem o intermédio da indústria. Hoje qualquer um pode fazer uso disso, se lançar.

Com tanto material na rede, com o excesso, cada vez mais filtros são necessários, no caso dos artistas independentes a sua base de fãs será construída no boca-a-boca, seja on-line, seja de amigo em amigo, e é claro tocando. O conhecimento da cena e do público com o qual está dialogando é essencial nesse sentido.

Se o artista/banda não ganha dinheiro vendendo CD ele ganha nos shows, na venda de merchandising, ou em outras atividades, mas mesmo assim o CD continua importante, pois é importante que ele tenha o registro do seu trabalho, que tenha como mostrar as suas músicas. CD que eu digo nesse caso é o álbum como um coleção de faixas que não necessária mente se complementam como uma narrativa ou pertençam a uma mesma “leva criativa” do grupo.

Eu acredito que tenha muita banda de qualidade circulando pelos meios independentes e underground, mas que elas dependem ainda de uma lógica midiática para poderem acontecer. O musico nessas periferias ainda não é valorizado e a sua música custa a ser ouvida, mas cada vez mais o próprio meio vem se organizando para providenciar isso. Prefiro pensar dessa maneira.

Como estou há um certo tempo pesquisando e de certa forma envolvida com o cenário underground de música pesada, tenho contato com ótimas bandas diariamente, mas não sei dizer se pessoas menos engajadas, por assim dizer, teriam as mesmas possibilidades de contato com esse material que eu tenho. Vejo bandas excelentes, essas bandas na maior parte das vezes nem se quer almejam um contrato com uma grande gravadora, pois sabem que sua proposta não seria compreendida, é imprescindível conhecer o público com o qual se está dialogando.

Por conta da dificuldade de encontrarem apoio, essas bandas quando muito, procuram selos especializados para que seu material seja de alguma forma veiculado em formato de CD, normalmente elas lançam EPs online que ficam disponíveis para a audição em streaming e assim o público tem acesso a seus materiais. O produto de fato é a banda, a experiência do show, e não o CD propriamente dito, embora este ainda seja de grande importância como registro para a banda, tem também as camisas e outros itens personalizados que contribuem na arrecadação.


Natália R. Ribeiro

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