30 de março de 2011

Falta ousadia no Underground


"Não somos uma banda pop, tão pouco fazemos música para tocar no rádio. Sempre seremos uma banda 'underground' uma banda que gosta de tocar para as pessoas, somos afortunados de poder sentir sua vibração, viajar e conhecer suas culturas"
Janick Gers _ Iron Maiden, em entrevista ao caderno "Circo" do jornal mexicano Récord.


Aproveitando a passagem recente do Iron Maiden pelo Rio de Janeiro, vamos usar essa frase do guitarrista Janick Gers para falarmos mais um pouco sobre o underground.

O Iron Maiden lá no final da década de 70 era uma banda underground, que nasceu do ambiente musical, subcultural, da Inglaterra naquele tempo, mas não dá para dizer que eles são underground hoje. Posso dizer que entendi o que ele quis falar, é como se ele dissesse, “nós somos e sempre seremos o Iron Maiden, nunca vamos perder a nossa ‘vibe’ de estar tocando aqui para vocês”. Pode ser que o Iron não toque tanto hoje nas rádios, mas já tocou muito em outros tempos, hoje a abertura para o Heavy Metal, ou a música pesada de uma forma geral, é muito menor, mas em compensação, conquistamos o nosso espaço.


O mercado se segmentou em diversos nichos. O Iron é da época das grandes gravadoras, dá época em que a maior aposta eram as bandas de Heavy Metal, hoje produz-se mais do mesmo. As gravadoras não querem mais investir em novos segmentos, elas só querem jogar para ganhar. O Iron da década de 70 foi inovador, e me parece que as bandas do underground hoje, andam repetindo esse comportamento das gravadoras, às vezes me parece, que para algumas bandas, falta um pouco de ousadia.

Às vezes sinto falta (não quero dizer que não existam bandas assim, mas penso que elas poderiam existir em maior número) daquela banda que desafie, que quer desestruturar e tem atitude e gabarito para isso. Eu vejo muita banda que quer ser diferente apenas para se destacar, dizer “nós somos os únicos que...”, contestar não é necessariamente você negar ou rejeitar o que já existe, mas sim questionar, propor uma forma diferente de ser. Não digo isso apenas em questão de sonoridade, mas também de atitude.

Tem muita coisa a ser feita, muito para se inventar, e é no underground que temos espaço para isso, para essa experimentação, não são as gravadoras que vão apoiar, alias, se a as gravadoras apóiam isso já é sintoma de sistematização.

Natália RR

23 de março de 2011

Cena underground carioca na Roadie Crew

Na Roadie Crew desse mês (Março/11) a seção Stay Heavy Report trás uma matéria sobre a cena carioca, escrita por Luis Carlos, que fala das principais casas de show, lojas especializadas, bandas e produtoras de eventos. É muito legal ver a nossa cena sendo retratada por uma das maiores pubicações de Metal do país.

21 de março de 2011

Movimento Underground Carioca – Faça parte

O Movimento Underground Carioca foi criado no começo de 2011, com o objetivo de melhorar as condições das bandas e eventos de “música pesada” do Rio de Janeiro. Segundo Natália R. Ribeiro e Cíntia Ventania, idealizadoras do projeto, a idéia é unir iniciativas já existentes e chamar para perto pessoas dispostas a pensar e trabalhar em prol de uma cena rica e mais unida.

É por meio do grupo de discussão online e de reuniões abertas, organizadas mensalmente, que o M.U.C. pretende tomar suas diretrizes e decidir ações para melhorias nas partes de divulgação, organização e freqüência de eventos; visando ainda uma integração maior entre os elementos do underground e a conscientização do valor cultural das produções realizadas neste meio.

Para fazer parte e ficar por dentro das atividades, basta preencher o cadastro disponível no site: http://movimentoundergroundcarioca.blogspot.com/p/faca-parte-do-muc.html


M.U.C. blog: movimentoundergroundcarioca.blogspot.com

E-mail: movimentorioundergroud@gmail.com

Grupo: movimento-underground-carioca@googlegroups.com

Natália RR

16 de março de 2011

A pequena indústria underground


Houve um tempo em que o underground foi visto como algo próspero pelas majors, os tempos eram outros e o metal estava em alta, com Metallica e Iron Maiden no topo das paradas, as gravadoras estavam dispostas a investir, e iam buscar no underground seus novos talentos. O que dá para notar pelo trecho abaixo é que o underground tinha uma rede própria de produção e consumo, o trabalho realizado pelas grandes gravadoras era feito por gravadoras menores, que se aproveitavam da demanda do público metal que só fazia crescer e não era contemplado pela mídia existente. Havia maior exposição da música pesada.

“O sucesso do Metallica indicava que o futuro não estava no glam metal de Hollywood – os grandes selos agora seriam forçados a cortejar os formadores de opinião do underground em vez de tentar diversas fórmulas. Conseqüentemente, os operadores independentes que eram os peixes grandes no lago underground viram-se obrigados a se defender dos tubarões da indústria musical mainstream. Eles tinham os bilhetes premiados, e suas vantagens eram atraentes para os aproveitadores. ‘No final dos anos de 1980 e começo dos anos de 1990, quando o metal era enorme mesmo’, recorda Brian Slagel da Metal Blade, ‘as grandes gravadoras gastavam tanto dinheiro que era difícil competir com elas. Quinze ou 20 dos nossos empregados foram para as grandes gravadoras. Era quase a mesma coisa com as bandas, que, quando encontradas e desenvolvidas, tornavam-se imensas.’

Formada por rádios universitárias, editores de fanzine e selos menores, uma pequena indústria se desenvolveu. (...) ”

 
CHRIST, Ian. Heavy metal: a história completa. São Paulo: Arx, Saraiva, 2010

Hoje dificilmente ouvimos falar de metal na mídia, em compensação, a produção e o consumo de música aumentou exponencialmente graças a internet. As gravadoras não vendem mais CDs em grandes volumes, sem muita verba para investir, elas têm preferido não arriscar e apenas seguem tendências. Com o barateamento do custo de gravação e os home studios, diariamente uma avalanche de bandas disponibilizam novas músicas na rede, que podem ser ouvidas por qualquer um que possua acesso, em qualquer parte do mundo.

Se o alcance das gravadoras diminuiu drasticamente, a “pequena indústria underground” também sofreu sua crise, o underground também teve que se repensar depois da era dos downloads e a atual “streaming fever”.

É realmente difícil para uma banda chegar de forma incisiva ao seu público e fazer a “manutenção” da sua audiência. Por mais legal que seja uma banda daqui tocando pra uma galera lá na Suécia, é muito mais complicado manter-se na playlist dos fãs que estão longe. A função dos mediadores da cena é cada vez mais importante.

Natália R. Ribeiro



8 de março de 2011

Underground x Indústria Cultural

“Assim é que, ao invés de reduzir o próprio trabalho de fabricação de objetos de arte à condição de uma atividade marginal em relação à cultura, como faz Ardent, um marxista como Adolfo Sánchez Vázquez, por exemplo, pode incluir a própria atividade de produção de objetos de uso e de consumo no campo das atividades artísticas, dado que trabalho e arte não são vistos por ele como contraditórios entre si, mas sim como formas não essencialmente diferenciadas de expressão da natureza criadora do homem. Contudo, conforme ressalta o mesmo Sánchez Vázquez, é própria também do marxismo a percepção do caráter específico do trabalho desenvolvido sob as relações capitalistas de produção como trabalho que perdeu justamente sei caráter criador. O fundamental para essa perda parece ter sido o incremento da divisão social do trabalho, que terminou por expropriar os trabalhadores da habilidade artística que ainda possuíam os artesãos medievais, ao mesmo tempo em que separou radicalmente o projeto da execução, separando o trabalho intelectual do trabalho meramente burocrático e do trabalho manual (...)”
MORELLI, RITA DE CÁSSIA LAHOZ. Indústria fonográfica: um estudo antropológico. SP: Editora Unicamp,2009.
O trecho acima está argumentando sobre a indústria cultural e a transformação da arte em mercadoria. A produção em escala industrial teria separado de vez a obra em si, da sua execução. É isso o que de fato estamos vivendo hoje, a maior parte do que se diz mainstream é planejado visando acima de tudo o capital, é a música comercial. A intenção por hora não é discutir aqui a qualidade ou a procedência da produção da indústria musical atual, mas sim atentar a essa “divisão do trabalho”.

Persiste em muitos artistas do underground a idéia do “não se vender”, tendo a intenção de ter total controle sobre a sua produção, a sua obra, fazem isso concentrando o trabalho, produzindo de forma independente. O underground é aonde os sons que não se encaixaram nas formas da indústria e da grande mídia vão parar, isso os que por ventura tentaram, pois a maioria nem liga, ou mesmo excomunga tal tentativa.

Quando uma banda toca, grava o próprio som, produz o próprio disco e o próprio show é possível dizer que ela tem total controle sobre os meios de produção, o que para muitos era inviável há certo tempo atrás. Todo esse trabalho pode ser desgastante, mas é também bastante satisfatório, pois a resposta do público é imediata e direta.

Por outro lado não podemos dizer que o underground está livre de pretensões mercadológicas, afirmar isso seria um grave erro, mas o mercado em questão é um público de nicho, mais aberto a diferentes sonoridades, e que cada vez mais ganha expressividade. Essa forma de produção peculiar do underground é o que o mantêm como tal, apenas o que defendo aqui é uma otimização dessas formas, não uma industrialização.

Natália RR
 




Fonografia: A indústria fonográfica na era da internet por fonografia no Videolog.tv.

2 de março de 2011

Site Whiplash.net divulga lista dos melhores de 2010 segundo seus leitores


A votação foi bem justa, e os resultados condizem com os acontecimentos do ano que se passou ao que se refere às bandas e internacionais, com Iron Maiden ainda no topo, e às bandas nacionais, com Angra e Sepultura nas primeiras posições. O Mais legal dessa lista é que tem as melhores bandas de 2010 por Estado, vejamos as que ficaram entre as primeiras no Rio de Janeiro;

Ravok, 21,68% (http://www.myspace.com/bandaravok)

Dreadnox, 13,71% (http://www.myspace.com/dreadnoxbrazil)

Warfx, 12,38% (http://www.myspace.com/warfxcom)

Exhumed Christ 11,06% (http://www.myspace.com/exhumedchrist)

Statik Majik, 10,17%; (http://www.myspace.com/statikmajikbrazil)

Seguidas de Hateful Murder, Lacerated and Carbonized, Dark Tower, Unerathly, Ágona, Berkaial e Impacto Profano.

Tendo em vista que o Whiplash é um site com grande visibilidade nacional e com milhares de acessos por dia o impacto dessa lista não deve ser relevado.

O que vocês têm a dizer sobre o resultado das melhores bandas do Rio de Janeiro?

Natália RR