Neste último sábado (06/11/2010), o blog Rockalogy teve o prazer de estar com Gustavo (v), Raphael (g), Thiago (g) e Alberto (d) que nos contaram numa conversa super descontraída um pouco da história da banda, das suas influências e sobre o novo material.
Pouca gente sabe como a gente começou. Antes era só eu (Gustavo) o Alberto e o Caio, eu cantava e tocava guitarra, o Alberto era baixista. Nós tínhamos outro baterista, mas ele saiu, aí o Alberto virou o batera. Pro baixo a gente chamou o Caio, porque ele sempre gostou de baixo, mesmo assim eu continuei no vocal, mas já com o Thiago na outra guitarra, o Thiago está desde o começo. Nessa época toda nós ficamos só em cover do System of a Down, isso em 2006Gustavo: Na verdade eu sou guitarrista desde o começo, não vocalista. Eu fiz aula de guitarra, eu tocava, na época eu que fazia as músicas do Canilive, mas aí a gente precisava de alguém pra cantar e a única pessoa que tinha alguma noção de canto era eu, daí eu comecei a fazer aula de canto também, na Villa Lobos na época. Eu fiz uns três meses e saí, por que era insuportável, não servia nada pra banda, é lindo, mas é insuportável pra banda por que não tem nada a ver. A gente começou a ouvir umas bandas muito de lá de fora, que ninguém ouvia no Brasil, ai eu falei, “vamos fazer esse som”, e na época a galera riu da gente, “não existe esse negócio de Death, Hardcore, Death Grindcore”. Pro pessoal não existia isso, aí a gente começou a fazer esse lance de Deathcore né, como o pessoal chama, ou Death Grindcore, que é o que a gente acha que combina mais mesmo, que tem esse “porquinho”, esse grave, esse agudo misturado. Na época todo mundo achou isso ridículo.
Uma banda que posso dizer que influenciou mais a ter o vocal que eu tenho foi a Job For a Cowboy mais o Black Dahlia Murder, que eu me apaixonei de primeira quando eu vi a banda. Tem uns lances, que é raro alguém perceber isso, uns lances muito Phil Anselmo que eu acho muito legal no meu vocal, porque vocal de Death geralmente é agudo ou grave, mas um agudo afinado só o Phil fazia isso, porque que eu me lembre só ele fazia isso, um agudo mas ao mesmo tempo um rasgado.
Rafhael: Eu comecei tocando violão, guitarra, coisa normal, as primeiras bandas de metal foram tradicionais, Iced Earth essas coisas assim, e eu tinha até um preconceito, mas quando eu conheci um Death com qualidade, foi mais na época que eu conheci a banda
Alberto Shii: Tem a questão do tempo, você começa ouvindo uma coisa, você vai “evoluindo”. De acordo com o som, você ouve uma coisa aí você pesquisa uma outra banda semelhante, você vê aquela banda um pouquinho mais pesada, e fala: “pô, maneiro”, aí pesquisa outra um pouquinho mais pesada que aquela e curte também, e assim você vai “subindo” nesse nível de peso, aquela coisa mais trabalhada, mais “difícil”. Comigo foi assim, comecei ouvindo System, eu gosto de System até hoje, mas assim, abril meus horizontes, eu não sou um pessoa fechada, que ouve só New Metal, só Black Metal, só Death Metal, eu ouço de tudo, mas a paixão é o Death o Grind, enfim, nessas vertentes, e uma coisa vai ligando a outra. Eu sempre fui mais por gosto mesmo, não parti de uma influência específica, apesar do meu sonho sempre ser a bateria eu comecei no baixo. Eu viso muito construir o meu som, o jeito de tocar de fulano é maneiro, do cara dessa banda é maneiro o daquela outra, eu tento pegar um pouco dos dois e fazer do meu jeito.
Thiago: Eu já tinha banda quando comecei a tocar com eles, era uma banda de Hardcore, daí o Gustavo ficou sabendo que eu já tinha banda e me chamou, mas eu já curtia metal, desde, sei lá, rasgar a mochila e escrever Linkin Park, Iron Maiden na mochila jeans. Aí quando a gente começou a banda era mais essa pegada System. Uma das músicas que eu fiz na época tinham muito de Chimaira e Otep, hoje em dia o que eu penso mais no estilo do som do Black Dahlia.
Agora sobre a influências da banda: (Gustavo) assim o começo o principal da banda eu tenho muita vergonha de falar. Eu e o Alberto a gente sempre andou junto, sempre quis ter banda, mas nunca teve coragem, aí a gente foi num show maldito do Slipknot, aí eu falei, cara irado, vamos fazer essa porra, aí eu criei a banda com ele. O principal da banda foi o show do Slipknot, isso não tem como negar, mas a influência não foi só essa. Eu sempre fui apaixonado por Dimmu Borgir, nada a ver com ninguém, ninguém gosta, eu sou o único, mas aí eu falei, em vez da gente fazer uma coisa tipo o Slipknot, vamos fazer uma coisa mais má ainda, porque New Metal tem pra caralho, Metalcore tem pra caralho, tem muita coisa que tem pra caralho, vamos fazer uma coisa mais bem trabalhada, mais malvada. Aí a gente puxou pra esse vocal mais Black Metal, Death Metal “motherfucker”, mas as principais foram Slipknot e System of a Down.
Sobre a música Taste of Blood: Foi gravada assim que o Raphael entrou na banda. (Raphael) A música já existia desde 2006, mas a gente gravou em 2008, essa música é bem antiga, você vê que a pegada ainda é muito New Metal a Witnessing Your Fall postada nesse ano Myspace, também é antiga mas é nova.
No MySpace diz que vocês estão em estúdio, o que vocês podem adiantar sobre o próximo material?
(Gustavo) São seis músicas que a gente vai lançar contando com uma intro. Pra que segue a gente legal, que vai ao show e tudo mais, eu ainda digo de ante mão que vai achar diferente, tá mais trabalhado, tá mais caprichado, mas mesmo assim não tá muito diferente do que era antes não. Está um patamar acima, a gente evoluiu. Mas pra galera que só ouviu Taste of Blood vai achar um absurdo, a diferença é muito monstra, muito monstra mesmo, eu diria que a música que a gente colocou como preview é a mais “simples”.
Vocês vão liberar no Myspace, vão montar um cd?
Nós vamos montar um cd mas também vamos liberar no Myspace.
Pra gente não importa vender, fazer dinheiro, tá indo no show, gosta, pra gente está ótimo. Pode baixar, pode copiar do amigo, mandar pro amigo, que a gente não liga muito pra isso não.
Tem alguma previsão de lançamento?
A gente queria gravar até o final desse ano, mas a gente viu que não vai dar, ou seja, eu garanto que antes das férias do ano que vem já saiu, serão as seis juntas e uma bônus track, que é uma música nova muito antiga, que até hoje a gente é apaixonado.
O que vocês podem dizer sobre a receptividade nos shows de Belo Horizonte e Curitiba?
A primeira vez de Minas a gente achou que a gente ia apanhar, porque só tinha “malzão”, “truezão”, que não é o que a gente é, tipo a gente não bota coturno, a gente sobe de shortinho e camisa da Adidas, e pelo contrário. Na primeira música estava todo mundo parado, na segunda música a galera curtiu, na terceira a galera já se soltou. Em Curitiba a gente foi bem recebido do começo ao fim, não teve discussão, é que em Minas a gente ficou sabendo que tem um lance que rola lá de richa de Black Metal, metaleiro mesmo, malzão, contra o Hardcore, aí a gente ficou com medo, porque sem querer são os dois públicos que a gente atinge, a galera que gosta de um Hardcore mais pesado e a galera do Black Metal, Death Metal, aí a gente “porra, vamo apanhar”, só que o pior é que não o pessoal recebeu muito bem nas duas vezes, sendo que na última vez acabou que a gente não tocou, mas o mesmo pessoal que foi na primeira vez foi também, coisa que a gente não vê aqui no Rio.
Agora falando um pouco da cena aqui do Rio
(Gustavo) Você tem lugares muito certos aqui, você tem o lugar para o Metal, você tem lugar para o “post HC”, que é a galera mais colorida, como a gente gosta de dizer brincando e tem a galera Pop. Você não tem lugar com um som bom, com estrutura boa, com público bom, o público que vai, que ajuda, porque o público também é essencial. É muito raro você tem a combinação inteira de som bom, produtor bom, o lugar bom, o público ir e tocarem só bandas boas, isso é muito raro.
(Gustavo) Pra mim parte principalmente da banda. O som sempre vai ser ruim, o cenário, dependendo, sempre vai ser ruim, o som aquele horror, mas que se a banda quiser vai fluir, vai tomar muita cabeçada mais vai.
(Thiago) Falta de oportunidade porque o tipo de som que a gente leva e muito seleto, é pra pessoas que realmente gostam, não é pra qualquer um, não é qualquer um que vai sentar e escutar, então tipo, não tem lugar não tem público.
Sobre o que poderia ser feito para melhorar.
Sobre os produtores(Gustavo): Tem muito produtor que não cobra pra fazer, mas em compensação não tem um som bom, e não dá um lugar bom, assim como tem aqueles que cobram pra fazer, mas dão um lugar bom e relativamente com um som bom. Geralmente eu acho, pela minha parte na banda, que tem que fazer show em tudo quanto é lugar, para mim, show não se nega. Se a banda quiser a banda vai tomar cabeçada, engolir muito sapo que é nisso a gente cresce, não é a toa que os amigos nossos do Confronto, que já estão lá em cima, eles falam que já dormiram em muito colchão na casa dos outros, de gente que eles mal conheciam e hoje em dia eles já tem quatro turnês européias, todos trabalham, cada um tem a formação deles, mas eles tomaram muita cabeçada, ainda mais na época deles, que era pior ainda. Tem muita banda que chega “há não vou fazer show ali porque ali é uma merda”. Eu acho que o principal vai da banda. Conhecer os produtores, saber a hora de cobrar a hora de não cobrar, a hora de ceder a hora de não ceder.
Da última vez que nós fomos para Minas, nós fomos num ônibus sem ar-condicionado, sabe aqueles “ônibus de hortifruti”, sacolão, que vende verdura, não tinha ar-condicionado, era feio, devagar, eu cheguei e olhei pro e disse: “Eu não vou”, e os caras rindo pra caralho, “não, foda-se, vamos”, e a gente foi. O ônibus péssimo, a viagem foi horrível, era quase um pau-de-arara, mas vamos é essa passagem que a gente tem é nesse que a gente vai.
Sabe o que precisa? O produtor do Rio ter uma banda, quando ele tem uma banda ele sabe como que é, se ele não tem condição financeira de bancar um som bom, ele vai falar pra você “cara eu o som é horrível, mas vai que o público é maneiro”, igual tem vários produtores que a gente conhece, que organiza show de graça.
(Alberto Shii) Tem produtores e produtores. Tem produtor que vai visar o capital, é aquele cara que quer que a gente venda ingresso pra ele, mas tem produtores com o da Rio Metal Works que quer fazer evento de verdade, para as bandas, para o cenário, pra quem gosta de metal e está aqui se fudendo.
(Gustavo) Foi o caso daquele evento de tributo ao Pantera, que a gente chamou o Diego (guitarrista) do Hatepride pra tocar, a gente não pagou nada, o som era bom, o palco era muito bom e o público era bom.
Voltando ao material de vocês, como público que somos estamos aguardando ansiosos o lançamento do CD.
O nome é complicadérrimo, mas é que explica exatamente as idéias das letras que eu escrevo, o nome é Pschosomatic Schzopheny, agora eu vou explicar: Esquizofrenia todo mundo conhece, o psicossomático é toda doença que é advinda do nada, ou seja, como um câncer de si mesmo, você pode ter lá a predisposição genética de ter um câncer e você não desenvolver aquilo a vida inteira, que só vai se desenvolver com um trauma, ou com alguma coisa que mexa com seu organismo, mas não necessariamente. O puxão de orelha nos cristãos está nisso, porque a esquizofrenia é psicossomática, você não precisa crer em nada, nos na banda somos todos ateus, pra você se dar bem na vida, para você ser o que você é, porque às vezes as pessoas temem ser o que ela é por causa de uma religião ou outra, ou um dogma ou outro, e acaba se fudendo muito mais por causa disso, é como se a pessoa criasse sua própria doença. Eu sei que muita gente não vai entender isso, porque é um negócio bem nosso.
Natália R. Ribeiro
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