“Desde o final da década de 80, quando o espaço na indústria fonográfica para o rock brasileiro encolheu, o investimento em elencos milionários declinou, acompanhando o recuo nas vendagens, e o garimpo de novos talentos foi terceirizado, ficando por conta de selos com os quais eram fechados contratos de distribuição.”
Este artigo do Danilo Fraga “O beat e o bit do rock brasileiro: internet, indústria fonográfica e a formação de um circuito médio para o rock no Brasil”, publicado pela “Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação”, como o nome diz fala de um circuito médio, que começou a se configurar no final da década de 80 (se consolidando em 90), dentre outros motivos pelo desaquecimento da indústria fonográfica perante a inflação galopante da época (queda de 40%), a formação de selos independentes e a popularização do CD.
Ele aponta como isso colaborou para uma maior adesão por parte do mainstream a segmentações do estilo que atuavam apenas no underground, gerando uma maior abertura, tanto para a indústria fonográfica, quanto na mídia.
“Dando preferência à contraposição dos termos mainstream e underground, Rushkoff (1996), por sua vez, entende que esta dicotomia é complexificada, sobretudo, no âmbito dos meios de comunicação. Partindo de uma análise dos meios de comunicação enquanto organismos que podem ser “infectados”, tanto por intenções das corporações quanto pelos atos subversivos de contestação ou pelas táticas de ações comunicativas, Rushkoff depõe a favor do caráter alternativo dos grupos marginais como uma resposta “natural” do “organismo”. Assim, mainstream e underground se “contaminam” num processo de imissão recíproca.”
É como se o mainstream estivesse cada vez mais underground, e o underground cada vez mais mainstream, e de fato, isso pode ser notado, bandas como o Slipknot nos anos 90 provavelmente não sairiam na revista “Capricho”, ou teriam seus clips exibidos no Top TVZ da Multishow, por outro lado bandas do underground estão tendo que se virar para chamarem a atenção dos selos independentes, o que as leva a produzirem seu próprio material e a bolarem estratégias a níveis cada vez mais espetaculares, mais midiáticos.
Os selos independentes são responsáveis pela descoberta e administração de novos talentos enquanto as majores distribuem o produto, valendo-se de seus aparatos logísticos. Mas esse esquema também tem se mostrado mais variante, com bandas que saem direto “do nada” para uma gravadora, ou bandas e nomes grandes que optam por selos independentes.
No meio dessa bagunça o que conseguimos ver é que os selos independentes tem tido um papel importante nessa nova configuração do mercado musical, alterando inclusive a apreensão sobre os gêneros e os estilos, eles funcionam como mediadores importantes entre o underground e o mainstream, o que lembra muito o papel do produtor no underground, que foi assunto da nossa última conversa.
Natália Ribeiro.
"No primeiro programa de nossa web tv, uma entrevista com a banda Os Clodoaldos, intercalada com apresentações deles no "Dia do Rock", o maior evento de Rock de 2009 em Niterói, produzido pela banda em parceria com o Arariboia Rock"
Web TV que pega bandas underground, bem legal a idéia.
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