31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo Rockalogy


Desejo a todos os amigos e leitores do Rockalogy um 2012 com muita paz, amor, saúde e muito rock! Muito trabalho e realizações.
Um forte abraço!

15 de dezembro de 2011

Heavy Metal games - Iron Maiden


Ed Hunter foi o primeiro game do Iron Maiden, lançado para computador em 1999, no jogo você encarna “Ed” um detetive particular, que fora contratado via correspondência por deus-sabe-quem, para resgatar “Eddie”, o mascote do Iron Maiden, de uma instituição psiquiátrica, com ordens explícitas de mandar chumbo em qualquer um que atrapalhe a peripécia*.
O jogo não fez muito sucesso, apesar das expectativas sobre o seu lançamento, ele não agradou em termos de jogabilidade e enredo, o que salvava, é claro, era a trilha sonora, mas vale a pena conhecer.  


O último game lançado pela banda foi “The Final Frontier”, bem menos pretensioso, este pode ser jogado on-line. (http://www.thefinalfrontiergame.com/)
Além de ser uma forma de marketing, o game é uma possibilidade interessante de explorar o universo mítico criado pelas letras das músicas ou pelo conceito do álbum, criando uma forma diferente de imersão na narrativa.

 



*Fonte http://forum.outerspace.terra.com.br/archive/index.php/t-60075.html

14 de dezembro de 2011

Paradise Lost, a perseguição do Metal


O filme é um documentário que mostra o julgamento de três rapazes, Jessie Misskelley, Jason Baldwing e Damien Echols, acusados pelos assassinatos brutais de três crianças, mutiladas e estripadas em West Memphis Arkansas, EUA, em Maio de 1993. 

Apesar de não terem sido achadas provas concretas, sendo o julgamento baseado em confições e relatos, os três foram condenados. Echols foi executado, Jason e Jessie pegaram prisão perpétua.

O documentário deixa uma série de questões em aberto, a ponto de não sermos capazes de julgá-los de fato culpados ou inocentes, mas mostra como naquela época, a 17 anos atrás, ouvir Heavy Metal e vestir-se de preto era um forte indício de sujeição criminal, que inclusive poderia ser usado em juizo contra o réu.
“‘É tão fácil para a região central dos Estados Unidos olhar para as pessoas que são um pouco diferentes e marginalizá-las’, afirma Bruce Sinofsky, diretor do filme Paradise lost: the child murders at Robin Hood Hills. ‘Então, quando acontece um crime que não pode ser resolvido porque não há provas, eles podem dizer que é um crime relacionado ao ocultismo e, de alguma forma, acabar sendo ligado a cena Heavy Metal. Não existe muita lógica nisso. Nunca é possível saber de onde vem até que se conviva nesse ambiente. É assustador’.” (CHISTE, 2010 p.368)
     O Heavy Metal vem sendo perseguido desde a década de 70, quando líderes religiosos queimavam os discos que pertenceram aos seus fiéis. Em 1980 o PMRC ( Parent’s Music Resource Center, formado em 1984 por Tipper Gore, Susan Baker e outras esposas de membros do congresso ) levou paulatinamente à censura dos discos de Heavy Metal e a boicotes por parte das grandes lojas que se recusavam a vender discos “sujos”. Em 1985 a RIAA ( Recording Industry Association of America), Associação das Indústrias fonográficas dos Estados Unidos, concordou voluntariamente em colar adesivos nos lançamentos que fossem potencialmente ofensivos.

     
    Em 1986 a Metal Blade Records, de Brian Slagel, que era ligada à Warner Bros. viu-se obrigada a justificar letras de bandas de Death Metal como Cannibal Corpse. Recusando-se a fazer com que as bandas retirassem as músicas censuradas de seus álbums, a Metal Blade Records voltou a distribuição de forma independente. 

 O Cannibal Corpse tornou-se a primeira banda de Death Metal a estrear nas paradas da Billboard

    Se por um lado o Metal foi obrigado a encontrar formas alternativas de existência por conta de toda essa perseguição que já vinha de décadas, por outro quanto mais perseguido e mais atacado pelas autoridades mais aumentava a curiosidade por parte dos fãs e possivelmente o número de adeptos.

Bibliografia: CHISTE, Ian. Heavy metal: a história completa; tradução Milena Duarte e Augusto Zantoz. São Paulo, Arx, 2010.

10 de dezembro de 2011

A valorização das cenas musicais

Resenha crítica do texto “Indústria da música em transição”, Micael Herschmann. Apresentada no âmbito da disciplina "Modelos de Distribuição Musical" 2011/2 E.Midia UFF
Banda Solstício de Cabo Frio/RJ  http://www.facebook.com/solsticiorjhc 


A reconfiguração da indústria musical na era do download, a valorização da experiência e das cenas musicais

Em seu texto Micael Herschmann refuta a idéia de uma crise no mercado da música, cuja principal atingida seria a indústria fonográfica, ele aponta que na verdade, o mercado da música está passando por uma reconfiguração. Na busca por novos modelos de negócios, cada vez mais tem se valorizado a experiência do ao vivo e o conhecimento sobre o léxico simbólico de determinados gêneros e cenas musicais.

“É possível afirmar que jamais da história da música se produziu tanto com tanta liberdade, mas também mais do que nunca hoje os processos exitosos de distribuição, divulgação e comercialização de um repertório musical estão cada vez mais voltados para um mercado de nichos e exigem estratégias de grande complexidade” (HERSCHMANN p. 61)

O autor faz uma divisão entre a indústria musical do século XX e o momento atual no qual estamos vivendo, apontando rupturas e continuidades entre esses dois modelos, reforçando a idéia de que “a crise” se encontra na forma como era pensada a venda de produto e não na indústria musical em si, afinal nunca se produziu tanto e se consumiu tanto música como atualmente.

Com a digitalização da música e os softwares de compartilhamento a música em formato físico foi perdendo cada vez mais a sua importância. Uma vez que não era mais preciso comprar o disco ou o K7 para ter a música em sua discoteca, as “playlists” são uma reconfiguração da discoteca, o modelo de negócio que até então era praticado pelas gravadoras entra em colapso, sendo obrigadas a procurarem novas formas agenciamento.

É interessante pensarmos que não foi apenas o modelo de negócio que mudou, mas também a nossa forma de pensar a música como um produto. Em seu texto “Free: grátis o futuro dos preços, Chris Anderson apresenta o grátis como uma forma de marketing cada vez mais instituída, dizendo que ainda mais do que estratégia, o grátis passa a ser uma imposição, mesmo que a música não seja disponibilizada oficialmente, ela pode escapar por usuários que desejarem compartilhá-la com sua rede de amigos ou com o mundo.

“Onde a abundância derruba os custos de alguma coisa ao chão, o valor é transferido aos níveis adjacentes, o que o editor de Tim O’Really chama de ‘Lei da Conservação de Lucros Atrativos’.”(ANDERSON, 2009, p.53)

Herschamann observa que enquanto caem as cifras de venda de fonogramas em suporte físico, o “mercado de derivados” ganha maior relevância. É o caso dos eventos ao vivo, enquanto o disco é cada vez mais desvalorizado, as entradas de shows estão cada vez mais caras. Cada vez mais a indústria fonográfica ganha ares de “empresa de mídia”, realizando ações que buscam atender esse e “mercado adjacente”. Não se produz apenas discos, DVDs, gradualmente os negócios se estendem a produção de produtos audiovisuais para a promoção do artista, em turnês, merchandising (roupas, brinquedos, acessórios, etc.), entre outras práticas aonde a música acaba ficando, aparentemente, de lado.


Se por um lado assistimos a queda do modelo praticado até o século XX (antes do compartilhamento), vimos ganhar força e potência um novo modelo, que desde o final da década de 70 vem já vem se mostrando como alternativa ao mercado de massa, ou ao mainstream, falo de circuito independente de música, o underground. O Punk pregava o “Do It Yourself” e foi com essa ideologia que surgiram os primeiros selos independentes, assim como um circuito de produção, circulação e consumo desse material.

Segundo Herschmann o modelo atual tende a privilegiar a cultura de nichos atendendo a um mercado cada vez mais segmentado. Mas para atingir esses nichos é preciso ter o conhecimento necessário para que haja o diálogo entre o produto e o possível consumidor.

“Entretanto, muitas vezes não é percebido que os fatores culturais são vetores cruciais não apenas na ponta do processo (na forma de produto ou serviço), mas também no processo em si, e que agregam valor quando as organizações e agentes sociais buscam investir no universo simbólico que está associado a sua produção. Com isso eles abrem oportunidade para que processos de identificação e/ou mobilização de consumo se produzam de maneira mais efetiva.” (HERSCHAMNN p.75)

No entanto quem tem algum tipo de contato mais engajado com alguma cena musical independente, que configuram circuitos próprios, como o Hip-Hip, o Rock Alternativo e o Heavy Metal, sabe que essa nova prática por parte das indústrias, de valorização do conhecimento simbólico, da experiência ao vivo, dos produtos adjacentes e da comunidade, sempre foi uma realidade, não como uma forma nova de pensar o mercado, mas sim a forma de pensar o mercado.

Sem o suporte midiático essas culturas dependem de seus próprios circuitos para se estabelecerem, e os circuitos dependem da mobilização de cada um de seus agentes (bandas, produtores, público) para poderem existir. Esses atores por sua vez agem, em grande parte, por identificação à causa, pela questão do pertencimento àquele grupo, pois na maioria das vezes não existe o retorno financeiro, ou este não é satisfatório por si só (caso não houvesse a questão do reconhecimento).

Mas apesar da estratégia voltada para o nicho, e para a experiência não ser de fato nova para o circuito alternativo, os apontamentos do autor sobre um reconfiguração de mercado se fazem bastante pertinentes também para este grupo, pois este também passa por uma reconfiguração. Em meio a um número cada vez maior de artistas e bandas a grande pergunta é como se fazer ser ouvido, como levar público para os eventos. É neste momento que noto um maior diálogo do underground com as estratégias do mainstream.


Bibliografia
ANDERSON, Chris. Free: grátis: o futuro dos preços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
HERSCHMANN, Micael. Indústria da música em transição. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.


Por: Natália R. Ribeiro