“No âmbito da sociologia, a partir do conceito de representações coletivas proposto por Durkheim (1898), o estereótipo é definido como uma imagem mental coletiva que determina formas de pensar, agir e mesmo sentir do indivíduo. Essas imagens são responsáveis pela coesão do grupo e geram um sentimento de pertença dos indivíduos em relação àquela comunidade. Assim, os estereótipos garantem relativa homogeneidade já que os membros de um grupo se reconhecem por compartilharem uma visão de mundo. Sob essa ótica, o estereótipo tem uma função construtiva já que, ao partilhar crenças e valores, um determinado grupo social tem sua unidade consolidada através de “modelos” que assume. Isso quer dizer que o indivíduo se sente integrado a uma comunidade.” (DIAS, 2007 :27)
Os estereótipos fazem parte dos mecanismos de agenciamento da cultura metálica. O heavy metal partilha de diversas vertentes, se não houvesse uma diferenciação entre elas, todas pertenceriam a um mesmo estilo. Quando falamos de “cultura metálica”, estamos falando não apenas da música em si, mas de tudo que está a sua volta e que configuram um modo de ser diferenciado. São a ideologia, as roupas, o modo de agir e etc.
Os estereótipos são construções narrativas que vão se solidificando ao longo do tempo. Ao mesmo tempo em que aproximam aqueles que fazem parte de um mesmo grupo, afastam, ou são repelidos por aqueles que são diferentes, ou seja, funciona como mecanismo de identificação e de diferenciação ao mesmo tempo. São uma via de mão dupla, nem bons, nem ruins, apenas diferentes. Este embate é constante na construção da identidade, seja de um indivíduo, ou de um grupo.
Matérias como esta do site Metal Storm (traduzida por Flávio Bonfiglio para o site Whiplash), além de divertidas, mostram a importância dos estereótipos para o Metal, mais especificamente para o Power Metal. É claro que essas “regras” não determinam e nem descrevem a realidade da forma como um fã, ou as bandas de Power Metal devem agir, mas elas são pedaços da realidade (ou não) captados por alguém que conhece e de alguma forma acompanha estas bandas, ou mesmo vive esta realidade de fã.
Abaixo alguns trechos que julguei mais relevantes, por assim dizer:
1. Você tem um objetivo: ser épico.
2. Não deixe nenhum som isolado. Se há um solo de guitarra, harmonize-o. Se há uma linha vocal, faça dela um coro.
3. Teclados são uma ótima maneira de adicionar milhares de texturas diferentes em uma canção. Encontre duas dessas que você goste e insira em qualquer canção que você componha.
4. No mundo power metal, qualquer coisa “do aço” é boa, e qualquer coisa boa deve ser comparada ao aço.
5. Você não necessariamente precisa cantar letras sobre Satã, o mal, e/ou trevas.
6. Você PRECISA cantar letras sobre dragões, liberdade e/ou power metal.
9. Espadas aumentam sua credibilidade e sua performance. Certifique-se de carregar uma com você não importando se você sabe usá-la ou não.
10. Escolha um tema e nunca mais largue-o. Manowar são guerreiros do True Metal e eles não cantam sobre mais absolutamente nada. Rhapsody tem suas crônicas de Algalord. Hammerfall têm seu aço, seus martelos e seus templários. Running Wild tem piratas. Blind Guardian tem Tolkien. A nenhum deles é concedido o direito de cantar sobre outra coisa a mais.
16. Se possível, seja Michael Kiske
17. Se isso não for possível, finja ser Michael Kiske.
45. Embora sua vestimenta não exija corpse paint, requere-se uma capa, um monte de jóias e as já mencionadas espadas.
46. A não ser que vocês sejam o Manowar. Nesse caso vocês são muito poderosos para usar roupas.
47. Pensando bem, não sejam o Manowar.
48. Use armadura sempre que possível. Hammerfall dá uma boa idéia de modelos de armaduras aceitáveis, desde couro endurecido até cotas de malha.
81. Lembre-se, barbear-se é épico, cortar o cabelo não.
98. Reclame todo o tempo do Stratovarius, embora você possua todos os itens possíveis deles e que você os escute mais do que qualquer coisa na sua coleção.
Fontes:
Bibliografia:
DURKHEIM, Émile. Représentations individuelles er représentations collectives. In: Sociologie et philosophie. Paris: 1898