28 de abril de 2010

Denúncia Underground



A falta de respeito com o underground


No dia 25 de Abril presenciei mais um caso explícito da falta de respeito com que tratam do underground, a banda Hatepride teve seu show cortado com menos de 15 minutos de apresentação, na mesma semana no dia 20, durante a apresentação da banda Canilive na lona cultural de Jacarepaguá, a energia foi cortada com a clara intenção de acabar com o show.

A justificativa dada pelos organizadores é quase sempre a mesma, o horário, e quem coordena os horáros?

Um evento tem cinco bandas, o evento começa às 18:00h e só pode ir até às 22:00h, o que nos dá 4 horas para as apresentações, com uma média de 40 minutos para cada apresentação, cientes disso as bandas se organizam para montarem seu show da melhor forma.

Qual é a função do organizador? Organizar, controlar o tempo entre uma banda e outra.

Parece bem simples, e realmente deveria ser, mas uma série de coisas se desviam do seu rumo. Parece que esses problemas vão mais além do que a falta de aptidão do organizador, do seu relógio com defeito e do seu problema de calcular com vírgula, rola um interesse.

Nesse caso do Hatepride a banda não teria pago para tocar, o que aparentemente a colocou numa posição inferior às outras por parte dos organizadores. A banda pode não ter dado dinheiro para tocar, mas levou público para o evento e também vendeu ingressos para a bilheteria, o que é praticamente a mesma coisa. Mas não é só pelo fato de pagar ou não, pois muitas vezes as bandas pagam, mas mesmo assim sofrem abusos desse tipo.

São as bandas e o público que pagam pela incompetência dos organizadores e dos produtores, pessoas que estão agindo cada vez mais pelo dinheiro, deixando a música de lado. Quem está no underground quer ouvir, quer tocar, quer som, quer música, essas pessoas só estão explorando isso, e da pior forma possível.

É uma questão bastante profunda, pois esse cenário vem se configurando a anos no underground, essa exploração predatória do nosso meio, são poucos os que trabalham junto com o underground, os que de fato querem promover alguma coisa.

O que temos que apoiar cada vez mais, são atitudes alternativas, como a que teve a banda Canilive a pouco tempo atrás, o evento no qual eles e outra banda tocariam foi cancelado em cima da hora, então eles se juntaram com as outras bandas e resolveram realizar o evento, o dinheiro arrecadado foi para pagar as despesas do evento, aluguel do espaço e do som e o que sobrou foi dividido entre as bandas, muito mais digno do que do que dar dinheiro a produtores mercenários.

Antes que a associação dos produtores de eventos underground me crucifique eu vou dizer que eu não estou generalizando vossa classe, aliás, eu acho que figura do produtor imprescindível para a realização de um bom evento, o trabalho das bandas é fazer um bom show, que é que o público quer ver, e não ser preocupar em organizar eventos e o do produtor é organizar um ótimo evento que satisfaça a todos, mas parece que um bom organizador está cada vez mais difícil de se achar.

Bandas, não toquem em evento que é furada, nem seja de graça, não vale à pena correr o risco de passar por constrangimentos como o das bandas citadas acima.

Público, você é essencial na configuração do underground, não apóiem eventos que visem apenas o lucro dos produtores, procurem se informar, saber da situação das bandas, é o público que tem o poder de decisão.

Se para mudar essa condição é preciso brigar, o underground está cheio de pessoas dispostas a isso.


Natália R. Ribeiro

26 de abril de 2010

Clip da Semana - Banda Confronto, Santuário das Almas



Video Oficial da musica Santuario das Almas, faixa do cd Sanctuarium, terceiro album da banda Metal/Hardcore Confronto lançado em 2008 via Seven Eight life Recordings


Letra:

Santuário das Almas


Confronto



Santuário das Almas.

Somos corpos sem alma. Guerreiros sem pátria!

Espíritos das senzalas. Nutridos de Rancor e mágoa!

Ardem às feridas, dobram-se os joelhos, vem à morte... Enfim a paz.

Assim tombaram os meus iguais.



Eleva-se o inimigo (demônio), ergue-se o império.

Deploram em meus ouvidos, murmuram os espíritos.

Ainda sentem as correntes, facões, chicotadas... Grilhões.



Necrópole dos sonhos. Favelas. Quilombos.

Reencarnação da dor, morada da miséria!

Labirinto das desgraças!



Periferia... santuário das almas!!



Guardiões dos grandes montes...

Somos a reencarnação da dor

E o ódio é a luz que nos guia pelas sombras do esquecimento.

Rastejamos entre o descaso estatal e as correntes do capital.

Queremos ser e viver livres!

Pés fincados na terra, Amor pela favela.

Reduto das nossas esperanças... Lar das nossas fraquezas...

Santuário das Almas.
 
 
O legal desse clip é que ele é de uma banda nacional, cantado em português e que ainda evoca elementos de sua localidade, a banda toca com uma favela ao fundo.
Usar elementos em comum pode ser um caminho facilitador, quando falamos de "assimilação" pelo grande público.
Quanto mais elementos locais, particulares são explorados mais forte se cria uma identidade.
 
Natália R. Ribeiro

22 de abril de 2010

Estratégias para o underground

“(…) Esse repertório hipercodificado bem como a contraposição à música pop retira a maioria das bandas de Heavy Metal do foco das estratégias de ampla distribuição midiática, por outro lado, inserem-nas estratégias de distribuição alternativas para o público segmentado”

Cardoso Filho, Jorge
Poética da música underground: vestígios do heavy metal em Salvador

Mais uma vez usarei uma passagem do livro do Jorge Cardoso Filho para iniciarmos a nossa discussão.
O que seria esse “repertório hipercodificado” que tira as bandas do foco das estratégias midiáticas?
O heavy metal não é um estilo de fácil assimilação por boa parte das pessoas que não foram apresentadas a ele previamente. O heavy metal não desfruta do espaço que a música popular tem na mídia, e a música popular é de fácil assimilação, tecnicamente falando ela tem uma estrutura simples, estrofe, refrão, estrofe, refrão e fala de temas comuns. Ele funciona a partir de uma série de códigos. Os códigos podem ser a língua na qual é cantada (majoritariamente o inglês), os temas e a abordagem desses temas, a localização da banda dentro de um determinado estilo.
A música pop procura atingir um número máximo de pessoas, e usa estratégias de sedução de público, todos são bem vindos, você não precisa ter nenhum conhecimento prévio, nenhuma posição política definida, nenhuma ideologia, para ouvir e gostar, assimilar, música pop, já o heavy metal joga muito com isso.
Pensem no que seria a exibição de um clip do Behemoth, no programa do Luciano Huck. Se o programa não fosse retaliado, no mínino ninguém entenderia p***a nenhuma daquilo e passaria por despercebido.
O mínimo para entendermos o Behemoth, e saber que é uma banda de heavy metal,mais exatamente de Black metal e sermos livres de certos impedimentos morais e religiosos, e para chegarmos a esse nível é preciso saber o que é o Black Metal, o que não é nada simples de se explicar, isso porque nem entramos na questão da moral, enfim. Behemoth no Luciani Huck não dá.
O que temos que pensar é como apresentar o nosso produto, o que é produzido no underground. O Behemoth foi só um exemplo, eu sei que não é underground, mas se eles não tem espaço imagina uma banda do underground. O que temos que fazer é pensarmos em novas estratégias, e a internet tem sido terreno fértil para isso.

Natália R. Ribeiro

19 de abril de 2010

Clip da Semana - Banda Deicide

Como foi dito no segundo comentário feito na última postagem " Fugindo do Underground?", o Deicide é uma banda mundialmente conhecida, mas que faz a maioria de suas apresentações em estruturas praticamente underground, esse post mostrou claramente que existe sim uma grande separação entre o underground e mainstream, mas também que é possivel caminhar por entre esse abismo.

When Satan Rules His World


Deicide

Open the door Jehovah you whore
I am the servant of who rules this world
Archnemesis of your light
One look at me and you know he is I

Run away when confronted with Satan
Always here and forever will be
Your concern for my Lord is becoming
Defecate on your book of belief

Door to door soliciting war
Feeble man with salvation as sword
Disturb and see you will die
For I am of Him in his world you're confined

Why try? World dies, Christ hides
When Satan rules his world
Disease, run free, killing
When Satan rules his world
Religion, infliction, obscene
When Satan rules his world
Witness, dismissed, executed
When Satan rules his world



Abra a porta de Jehovan sua p**a

Eu sou o servo daquele que rege esse mundo

Flagelo* de sua luz

Numa olhada para mim você sabe que ele é Ele

Fuja quando se confrontar com Satan*

Sempre foi e sempre será

Você está se preocupando com meu Senhor

Cagando no seu livro de crenças.



De porta em porta solicitando guerra

Homem fraco com a espada como salvação

Perturbar e ver que você vai morrer

Para mim e por Ele, no seu mundo estará confinado


Por que tentar? O mundo morrerá, Cristo se esconde

Quando Satan domina seu mundo

A doença corre solta matando

Quando Satan domina seu mundo

Religião, obscenidade

Testemunho improcedente executado

Quando Satan domina seu mundo


(Trad. Natália R. Ribeiro)

“*”partes de tradução confusa

14 de abril de 2010

Fugindo do Underground?



Tenho acompanhado algumas bandas de um tempo pra cá, mesmo que não tão de perto foi sempre possível ver o quanto essas bandas trabalham e se esforçam para crescerem e posteriormente sair de dentro do underground. Algumas dessas bandas acham que estarão fora do underground quando começarem a ganhar dinheiro tocando, outras quando tiverem algum tipo de "fama", mas na verdade o dinheiro e a "fama" sairão do próprio underground.
Muitas bandas que vemos em revistas ou estampadas em banners virtuais em sites de rock e/ou heavy metal, ainda pertencem ao underground, muitas dessas bandas vivem do underground, elas têm mais visibilidade e automaticamente fazem mais shows e também tem um material de merchandise bem maior do que uma banda iniciante ou com pouco tempo de vida.
Temos também casos de bandas que tocam fora do país com a ilusão de que estarão fora do underground. Essas bandas lançam um álbum na maioria das vezes e começam a fazer bastantes shows pra divulgar pegando até festivais maiores, sendo que a maior parte da turnê será dentro do circuito underground. Quando a banda sai do país nas primeiras vezes não será nada mais nada menos do que uma "imigração de underground". Shows pequenos, com uma remuneração baixa (muita das vezes dependendo do tamanho do "nome" que a banda tenha não se ganha cachê ,além de a viajem ser bancada pela própria banda) isso é o que se têm saindo do país nas primeiras turnês na tentativa de fugir do underground.

Esse não é um post pessimista, mas um post para sabermos que tudo nesse meio é trabalho e investimento, uma turnê internacional provavelmente fará parte do caminho pra quem tem banda e quer sobreviver de heavy metal ou rock. Se você não é um fenômeno, você estará sempre trabalhando pra divulgar a sua banda e por fim como resultado viver dela que tirará seu sustento do underground.

OBS: Excepcionalmente hoje o post foi feito por D.Arawn (guitarrista do Hatepride).

12 de abril de 2010

Clip da Semana - Banda Torture Squad

Este vídeo é referente ao álbum de mesmo nome lançado em 2003, o Torture Squad é uma banda que tem mais de 10 anos de história e apenas nos últimos anos ganhou mais visibilidade, ou seja foi apartada pela "mídia especializada", foram anos no submundo, no underground, e histórias sobre essa época só mesmo a banda é que sabe, muitas dificuldades mas muitas realizações também, hoje a banda ocupa lugar mais que merecido junto ao grande público.

Torture Squad – Pandemonium

When the time starts to close and the sky
Turns to black like death
Clouds of suffering and screams of pain:
This is the last breath
Battlefield is the only thing to see before
The hell strikes back again
All his life is consumed in an attack
Bloody fight in his brain
Lost and confused a silent cry to the stars
He's agonizing in fear
Staggering walk looking for something to
Saciate his burning tears
When his body screams he close his eyes to
Support the mortal pain
Countries at war, genocide is here
The reaper is laughing with disdain

Pandemonium [4 times]

On the TV I see the news about wars
Ignorance is back again
One more time blood! Death! Tragedy!
Peace is a word in vain
I try to understand this kind of situation

But it's difficult for me
To live in the world, heaven or hell
Eternal paradox is all that I see
Machine guns, tanks, soldiers
Ready to unleash the war
Throwing lives into the hellish fight
Here comes much gore
Brothers killing brothers in the name of a
Sickening power desire
Revelations from the final battle say:
Set the world on fire!!!

Pandemonium [4 times]

Terrorism warning genocide
Fear and pain walking side by side
Dancing on a minefield you are
And I see peace: but it's so far!
This genocide
It's by your side
Dancing you are
But peace: is so far!!!

Quando o tempo começa a fechar e o céu fica negro como a morte
Nuvens de sofrimento e gritos de dor:
Este é o último suspiro
O campo de batalha é única coisa que você vê antes
Do ataque do inferno voltar
Toda vida dele foi consumida em um ataque
Luta sangrenta em seu cérebro
Perdido e confuso, um choro silencioso para as estrelas
Ele está agonizando de medo
Andar assombroso procurando por alguma coisa que
Sacie suas lágrimas ardentes
Quando seu corpo grita ele fecha seus olhos
Para suportar a dor mortal.
Países em guerra, o genocídio é aqui
A morte (the reaper) está rindo à distância

Pandemônio

Na TV eu vejo notícias sobre guerras
A ignorância está de volta
Mais uma vez sangue! Morte! Tragédia!
Paz é uma palavra van
Eu tento entender esse tipo de situação

Mas isso é difícil para mim
Para viver no mundo, céu ou inferno
Um eterno paradoxo é tudo que eu vejo
Metralhadoras, tanques e soldados
Prontos para desencadear a guerra
Arremessando as vidas dentro da luta infernal
Vem aí mais carnificina
Irmãos matando irmãos
Em nome de um desejo por poder doentio
Revelações sobre a batalha final dizem:
Deixe o mundo em chamas!

Pandemônio

Terrorismo avisando genocídio
Medo e dor andando lado a lado
Você está dançando num campo minado
E eu vejo paz: mas isso está muito longe!
Este genocídio
Está ao seu lado
Você está dançando,
Mas paz: isso está longe!

(trad.por Natália Ribeiro)

7 de abril de 2010

Crítica Especializada


“A crítica especializada também se constitui como um campo privilegiado para agregação de valores e estabelecimento de limites para o formato da canção. Como parte considerável da produção de sentido no âmbito da musica popular massiva ocorre a partir do exercício de discussão sobre os modos particulares de apropriação da canção e de ideologias de audição (como ouvir um som corretamente), o critico se apresenta como aquele detentor de um repertório privilegiado para estabelecer os parâmetros dessas discussões. Revistas especializadas como a Rolling Stone, NME, Mojo etc. costumam ter sua gênese em antigos fanzines e referendam a pratica ‘pedagógica’ de mostrar o consumidor o que ouvir e como ouvir.”


Poética do musica underground: vestígios do heavy metal em Salvador – Jorge Cardoso Filho. Rio de Janeiro: (E-papers, 2008)

A: Quem está preparado, de fato gabaritado, para estabelecer parâmetros de apreciação no underground?

B: Até que pondo a mídia especializada, ou que pelo menos se auto-proclama assim, influencia ou até mesmo determina, o nosso comportamento, a nossa posição para com a música proveniente do underground?

Bem... Isso é pra pensar né,

Pelo que eu tenho pesquisado até o momento, mídia “especializada” em underground não existe, não nos moldes das revistas citadas no texto de Jorge Cardoso, mesmo porque seria algo incompatível. O que existe são produções independentes, fanzineiros, blogueiros , que alcançam um número bastante reduzido de audiência, o que os desqualifica como “critica especializada” ,como “formadores de opinião canonizados”, eu pelo menos eu os desqualificaria, devido ao nível de consentimento, de adesão que isso invoca.

Vamos pegar então as revistas Roadiecrew e Rock Brigade, cuja especialidade é rock e heavy metal, o que elas têm de underground? Elas escrevem sobre bandas do underground? Resenham eventos underground; divulgam demos das bandas?

Se tem, é muito pouco, a Roadiecrew tem até uma seção de demos, a Rock Brigade também tem algo parecido, mas não há dúvidas que mais de 90% do conteúdo são de bandas já fora desse circuito, ou sobre temas onde o underground apenas paira como uma assombração. Em nenhum momento essas revistas disseram que eram sobre underground, ou que assumiriam uma função social para com o underground, porém, ela são consumidas por quem é ou freqüenta o meio.

Se isso tem algum problema? É claro que não. A questão é que mesmo essas revistas tendo lugar privilegiado estabelecendo parâmetros para discussões dentro do rock e heavy metal, ela não será “detentora de um repertório privilegiado para estabelecer os parâmetros dessas discussões” em relação ao underground, ou seja, mais uma vez ficamos sem os especialistas.

Isso só mostra o quando as relações no meio underground são complexas. Essas são questões que sem dúvidas exigirão ainda muito do meu esforço de pesquisa, mas por hora eu digo que quem dita as regras no underground é o próprio público, é quem faz parte ali daquele meio, uma outra banda ou personagem que possui mais visibilidade talvez tenham algum tipo de “realce”, mas ao que me parece, sempre num coletivo, porque nada lá se resolve sozinho.

Natália R. Ribeiro



5 de abril de 2010

Clip da Semana

Falando de meninas,
O clip dessa semana é um vídeo muito interessante de três talentosíssimas garotas, talvez se mais talentos assim afloracem por aqui essas questões levantadas no último post já não teriam mais fundamentos.
Cover of "Toxicity" by System of a Down

Jennifer Lynn, Electric Violin;


Christine Wu, Electric Violin;

Meytal Cohen, Drums;



String Arrangement by Jennifer Lynn.
(Arranjo de cordas*)
Video editing by Jennifer Lynn.

Co-produced by Gil Baram, Jennifer Lynn and Meytal Cohen.


Esse vídeo foi postado no YouTube em Maio de 2009, eu não tenho informações sobre essa banda, ou mesmo sobre as integrantes, quem as tiver que fique a vontade para compartilhá-las conosco.
É mesmo um vídeo muito bom.